Mistura entre política e religião dispara no país

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Foto: O Globo

Em meio ao salto neste ano de candidaturas que usam, em seus nomes de urna, termos associados a religiões, o ranking de partidos que mais lançam candidatos com este perfil passou a ser liderado de forma inédita pelo Republicanos, sigla com laços estreitos com a Igreja Universal. O partido, que forma com PL e PP a coligação do presidente Jair Bolsonaro, havia registrado até o início da semana 89 candidatos que declararam ocupação religiosa ou que usaram termos como “pastor”, “bispo” e “irmão” junto a seus nomes no registro enviado à Justiça Eleitoral.

No geral, o número de candidaturas com esse perfil chega a 902 neste ano, segundo levantamento do GLOBO, um aumento de cerca de 25% em relação a 2018.

Outro partido que avançou foi o PTB, que chegou a 64 candidaturas com identidade religiosa, dividindo a segunda colocação com o PSC, partido que habitualmente liderava esse ranking em eleições anteriores. Comandado pelo ex-deputado Roberto Jefferson, que se lançou candidato à Presidência, o PTB se aproximou desde 2018 do bolsonarismo, embora não esteja formalmente na base de apoio de Bolsonaro nesta eleição.

Já o PSC, comandando pelo pastor Everaldo Pereira, questionado sobre a menor participação de candidaturas com identidade religiosa na sigla, afirmou em nota que “vem se tornando um partido cada vez mais plural, reconhecido mais por ser a casa dos valores conservadores do que por afinidades religiosas”. Everaldo chegou a ser preso em 2020 em uma operação da Polícia Federal (PF) que apurava desvios na Saúde no governo do Rio, durante a gestão de Wilson Witzel, eleito pelo PSC.

O partido chegou a lançar Bolsonaro como pré-candidato à Presidência em 2016, mas o então deputado federal deixou a sigla naquele ano em meio a desavenças com Everaldo. O GLOBO também procurou as direções do PTB e do Republicanos, mas não obteve resposta.

Em que pese o aumento geral de candidaturas com identidade religiosa, o principal caminho aberto para esse perfil de candidatos segue sendo o das disputas proporcionais. Neste ano, 870 dos 902 candidatos desse grupo concorrerão à vagas na Câmara dos Deputados ou nas assembleias legislativas. Em 2018, 694 dos 727 candidatos foram registrados para essas disputas. A proporção é praticamente a mesma nas duas eleições: a cada 20 candidatos com identidade religiosa, 19 concorreram a cargos proporcionais.

O Globo