Mourão deixa de ser dizer indígena e, agora, diz ser “branco”
Foto: TSE/Reprodução
Diante da Justiça Eleitoral, o general Hamilton Mourão passou por uma mudança no mínimo inusitada em quatro anos.
No registro da sua candidatura a vice-presidente junto ao TSE em 2018, ele preencheu o campo de cor e raça como indígena. Na ocasião, inclusive, Mourão declarou que seu pai era amazonense e sua avó era “cabocla de Humaitá [um município do estado]”.
“Eu sou pardo? Eu sou negro? Eu sou asiático? Eram as opções que eu tinha, e a quinta opção era indígena”, disse o então candidato da chapa de Jair Bolsonaro.
Detalhe: a autodeclaração como indígena ocorreu pouco depois de Mourão provocar polêmica ao dizer que povo brasileiro tem “uma certa herança da indolência que vem da cultura indígena” e que “a malandragem é oriunda do africano”.
Em outubro daquele ano, o general deu outra declaração controversa sobre o tema. Após desembarcar no aeroporto de Brasília, ele apresentou o neto a jornalistas da seguinte forma: “Meu neto é um cara bonito, viu ali? Branqueamento da raça”.
Nascido em Porto Alegre, Mourão agora é candidato a senador pelo Rio Grande do Sul. No seu novo registro, a cor/raça mudou. Passou a ser “branca”, assim como a maioria da população do seu estado natal.
O Radar procurou o vice-presidente para entender o motivo da mudança, mas não obteve resposta até o momento.
O registro da candidatura ao Senado foi apresentado nesta segunda-feira. Mourão declarou pouco mais de 1,1 milhão de reais em bens à Justiça Eleitoral. O patrimônio do general cresceu 176% com relação ao registrado por ele na eleição passada, quando ele disse ter aproximadamente 414.000 reais.
Houve ainda outras duas mudanças entre os dois pleitos: o partido e o nome de urna. Em 2018, ele concorreu como General Mourão, pelo PRTB, como vice de Jair Bolsonaro. Agora, será submetido ao crivo dos eleitores gaúchos como Hamilton Mourão, pelo Republicanos.