PSC pula fora de Bolsonaro

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Foto: Reprodução /Tribuna Hoje

Um dos partidos mais bolsonaristas do Congresso, o PSC decidiu não apoiar a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) e ficar neutro na disputa. O encaminhamento é fruto de divergências, principalmente no Nordeste, onde candidatos não querem se vincular ao mandatário. Com isso, a coligação de Bolsonaro ficará restrita a PP, PL e Republicanos.

Embora bem menor do que os outros três partidos, o PSC poderia dar a Bolsonaro 12 segundos a mais de propaganda na TV e rádio a cada bloco de programas e diminuir a diferença para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que encaminha uma aliança com oito legendas: PT, PCdoB, PSB, Rede, Psol, PV, Pros e Avante. O PSC tem o mesmo tamanho de Avante e Pros.

Os oito deputados do PSC são majoritariamente bolsonaristas e esperavam uma coligação formal. Recém-empossado deputado federal, Lucas Follador (RO) disse que escolheu o PSC para concorrer justamente pela tendência de apoio ao presidente, mas que se surpreendeu com a decisão de neutralidade.

O PSC reuniu seus dirigentes quinta-feira para debater o posicionamento na eleição. Em nota ontem, o presidente do partido, pastor Everaldo Pereira, afirmou que a Executiva decidiu “liberar os diretórios estaduais e a bancada federal na definição do apoio aos candidatos na eleição de 2022”. Ou seja, deu liberdade para que peçam votos e façam campanha para quem quiserem.

Ainda há quem tente mudar isso e convencer a direção nacional a realizar uma convenção virtual até sexta-feira para formalizar o apoio a Bolsonaro. É o que defendem os presidentes do partido em São Paulo, deputado Gilberto Nascimento, e no Maranhão, deputado Aluísio Mendes, que também é vice-líder do governo na Câmara.

“Defendo o apoio ao presidente, mas parece que há 40% do partido que prefere a neutralidade porque acham que o apoio atrapalha as eleições regionais”, afirmou Mendes. Nascimento, que também é o primeiro secretário nacional do PSC, concordou que a posição de neutralidade é um erro. “Sou frontalmente contra. O diretório de São Paulo é Bolsonaro, eu sou Bolsonaro, o programa do partido é muito mais próximo do Bolsonaro. Mas se a maioria do partido entendeu que deveria se publicar esse documento [pela neutralidade], acho lamentável”, afirmou. “Estamos conversando para ver o que é possível fazer.”

Segundo fontes, a posição de neutralidade foi adotada por divergências com os diretórios do Nordeste, principalmente da Paraíba. Embora não queiram se vincular com a candidatura do ex-presidente Lula, eles também não desejam confronta-la diretamente pelo petista ser popular na região enquanto Bolsonaro tem alta rejeição. É da Paraíba o vice-presidente do PSC, Marcondes Gadelha, que tenta eleger um de seus filhos como deputado federal pelo Estado e era, até semana passada, presidente interino do partido. Ele deixou o cargo após Pereira conseguir um habeas corpus para sair da prisão, onde estava desde agosto de 2020 por supostos desvios em contratos do governo do Rio de Janeiro.

Valor Econômico