Segurança reduziu comício de Lula em SP

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Eduardo Guimarães

A região do Vale do Anhangabaú parecia mais silenciosa do que o esperado a quem se aproximava para participar do segundo comício de Lula na campanha. Mas como é possível que o candidato que lidera todas as pesquisas tenha comício tão modesto?

Segundo estimativas veiculadas pela mídia, cerca de dez mil pessoas participaram do primeiro comício de Lula no Estado de São Paulo nestas eleições. Na verdade, a organização do evento pareceu pretender mesmo que ele não fosse tão grande.

O local de concentração de apoiadores e o palco foram separados da via pública por filas duplas de grades, tornando bem mais difícil entrar na área, onde o público só ingressava após passar por sensores de metal.

As pessoas foram espremidas em um espaço que limitava a manifestação de uma forma que pareceu proposital. Ou seja: a segurança reforçada daquele que a PF diz ser o candidato que corre maior risco de sofrer violência impediu uma manifestção à altura da dimensão eleitoral do ex-presidente.

Horas antes de me dirigir ao comício de Lula no último sábado, comecei a receber relatos de que haveria grupos bolsonaristas dispostos a tumultuar o evento. Não pretendia ir devido à sobrecarga de trabalho, mas a informação me obrigou a ir até lá para exercer o ofício que abracei.

De fato, o evento requeria mesmo muita segurança, pois Lula falaria do alto de uma passarela que o deixava a poucos metros do público, o que facilitaria um ato de violência.

Segundo “Estimativa de público no comício de Lula” no Vale do Anhangabaú calculada pelo “Monitor do debate político” da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo, sob coordenação de Márcio Moretto e Pablo Ortellado, os manifestantes que estavam no local, às 13:20, somaram 9.580 pessoas.

O método de contagem das pessoas em imagens aéreas foi por meio de um algoritmo conhecido como mapa FIDT (Focal Inverse Distance Transform).

É óbvio que esse público seria incomensuravelmente maior se Lula optasse por um local mais amplo como a Avenida Paulista, por exemplo. Além do que, a própria organização do evento limitava o público. Havia filas para ingressar no cercadão.

Isso sem falar que as “notícias” sobre violência de bolsonaristas no evento pulularam em mensagens de WhatsApp e boatos mil. Aliás, recebi vários avisos de pessoas que apoiam Lula, mas que não quiseram ir ao comício por acharem “perigoso”.

Nesse aspecto, o bolsonarismo já venceu. As ameaças veladas — e outras nem tanto — de violência por parte dos apoiadores de Bolsonaro inibem os apoiadores de Lula, sobretudo mulheres e idosos.

O Brasil não pode continuar assim. Terminadas essas eleições, os autores desse clima de medo no país devem pagar por seus crimes de forma exemplar, de forma que nunca mais ousem a ameaçar a democracia como os bolsonaristas estão fazendo.

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Redação