Será a terceira participação de Lula no JN

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Foto: Reprodução/TV Globo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estará no “Jornal Nacional”, na noite de hoje, para sabatina dos candidatos ao Planalto. Ele é o terceiro a participar das entrevistas feitas pelos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos — que receberam, anteriormente, os candidatos Jair Bolsonaro (PL) e Ciro Gomes (PDT).

Esta será a terceira vez que Lula estará ao vivo no jornalístico da TV Globo. Nas eleições de 2002 e 2006, ele defendeu o Partido dos Trabalhadores de denúncias de corrupção, tietou a então apresentadora Fátima Bernardes pela cobertura do pentacampeonato do Brasil na Copa do Mundo e saiu pela tangente depois de levar uma cutucada de Willian Bonner pela falta de punição aos investigados no escândalo do mensalão.

Após ser derrotado em primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso (PSDB) nas eleições presidenciais de 1994 e 1998, Lula se candidatou, novamente, ao Planalto em 2002 e foi questionado no “JN” se considerava arriscado assumir o comando do país sem experiência administrativa.

“Experiência eu tenho. Consegui essa experiência viajando o Brasil durante esses 30 anos, me preparando para conhecer as respostas que a sociedade vive. Se for verdade que alguém precisa ter experiência administrativa, o Brasil não tem boas experiências administrativas e, quando tem, geralmente, são governos do PT”, afirmou.

“Você lendo e vendo televisão você não conhece nada. Você tem que ver e sentir, ouvir o palpitar o coração das pessoas, ver os olhos das pessoas para você sentir como é fácil encontrar soluções para os problemas brasileiros. Estou me preparando há mais de 30 anos. O PT precisa dessa chance. Estou convencido que povo brasileiro precisa da experiência do PT para sair do empobrecimento”.

Ainda na entrevista de 2002, o candidato aproveitou uma brecha em questionamento da apresentadora Fátima Bernardes para elogiá-la para cobertura da Copa no Japão e na Coreia do Sul.

“Fátima, boa noite. Deixa eu te dar os parabéns pela grande representação que você fez da mulher brasileira na Copa do Mundo. Até então o futebol era só coisa de homem”. Lula

Ao ouvir questionamento sobre o PT ter chegado as eleições carregando denúncias de corrupção, Lula elogiou o partido por ter o “diferencial” de apoiar as investigações para punir os envolvidos em esquemas de favorecimento financeiro.

“Eu sempre disse que o PT precisa ser vidraça também, porque fomos estilingue por muito tempo. É bom que passe pela experiência de ser acusados. Qual a diferença do PT? É que nós apuramos. Queremos que o Ministério Público aja, que polícia aja, que o Poder Judiciário aja e a CPI aja para apurar. Se tiver culpados, Fátima, pode ser do PT ou qualquer partido político tem que ser punido no Brasil, porque precisamos acabar com a impunidade”, afirmou.

Buscando se reeleger como presidente da República, em 2006, Lula voltou a conceder entrevista ao “Jornal Nacional” direto do Palácio do Planalto, em Brasília, e teve de lidar com questionamentos sobre o mensalão.

Na época, a acusação era de que deputados concediam apoio político ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva em troca de uma “mesada”. O escândalo foi divulgado pela revista Veja, em 14 de maio de 2005, após um funcionário dos Correios ser flagrado recebendo propina em nome do então deputado federal Roberto Jefferson (PTB).

Diante da acusação de esquema nos Correios, Roberto Jefferson, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, expôs o caso do mensalão afirmando que deputados do PP e do PL recebiam R$ 30 mil por mês para votar em projetos de interesse do governo Lula. No plenário do Conselho de Ética, o político ainda disse que recebeu R$ 4 milhões do PT e afirmou que Lula não sabia do esquema, mas o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu (PT), tinha conhecimento.

Questionado sobre o tema, Lula focou em defender o trabalho das investigações e garantiu afastamento de todos os envolvidos.

“No nosso governo, a Polícia Federal vem trabalhando de forma excepcional para investigar essa denúncia. Eu lamento, profundamente, que companheiros tenham feito parte de algo como isso. Mas nós facilitamos para que tudo seja investigado. Facilitamos os trabalhos da CPI. Não conversei com nenhum deputado”. Lula

Ele ainda deixou claro que não via o caso de mensalão sujar a imagem do PT perante a população nas eleições. “No meu governo existe investigação. Existe denuncia”, afirmou.

O apresentador William Bonner reforçou questão sobre os casos de corrupção do primeiro mandato de Lula com uma cutucada pela falta de atitude para punir os investigados.

A pergunta que eu gostaria de fazer a você diz respeito a traição. O senhor disse a todos os brasileiros que foi traído, mas, até hoje o senhor não disse quem foi que traiu, não deu os nomes dos traidores. Num outro momento, por outro lado, o senhor mostrou solidariedade abertamente a ex-deputados petistas e ex-ministros seus. Antes de se tornar presidente, a memória que o Brasil tem, candidato, era de alguém que, veementemente, cobrava punição para quem aparecesse diante de uma câmera de televisão suspeito de alguma coisa, mesmo que as culpas não tivessem sido provadas ainda. O que fez o senhor mudar tanto de comportamento? William Bonner

“Primeiro, você deve estar falando de outra pessoa. Eu nunca pedi para que ninguém fosse condenado antes que se provar a culpa”, reagiu Lula. “Não. [você pedia] afastamento, punições…”, respondeu Bonner. “Eu afastei todos que estavam dentro do governo federal sem distinção. Todos os funcionários públicos de primeiro, segundo ou terceiro escalação foram afastados”, garantiu o candidato.

Lula encerrou sua manifestação negando que defendeu que uma pessoa fosse condenada sem provas. “Afastei o José Dirceu, o Paloci e afastei outros funcionários que estavam envolvidos. Agora, quando se trata de punir, William, significa respeitar o estado de direito. Eu quero para todo mundo o que eu quero para mim: o direito de provar que sou inocente”, finalizou.

Uol