Surto de Bolsonaro com YouTuber desespera assessores

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Foto: Reprodução

Se existia qualquer constrangimento ou tentativa de rechaçar a imagem de que partidos no Congresso que formam o chamado Centrão são governistas – independentemente do chefe do Executivo – essa postura está cada vez mais fora de moda entre os principais líderes do bloco.

Ontem, após a tensão entre Bolsonaro e um youtuber em Brasília – que provocou o presidente ao chamá-lo de “tchutchua do Centrão”, levando o presidente a segurá-lo pela gola para tentar tirar seu celular- o blog procurou integrantes do governo para repercutir o incidente.

Em um primeiro momento, auxiliares do presidente chegaram a duvidar, achando que o relato era fake news – afinal, como o presidente da República poderia sair do carro e partir para uma “briga de rua” com um militante?

Quando ficou claro que era fato – e estava registrado em imagens -, o destempero do presidente foi lamentado por auxiliares, que torcem para que ele apenas foque na economia e explore a religião como método para vencer Lula.

Mas a principal reação política de aliados do Centrão de Bolsonaro, no Congresso – os verdadeiros caciques do bloco e donos da pauta – foi a seguinte: o youtuber tem razão no que diz quando provoca o presidente da República com uma frase que sugere que o chefe do Executivo é submisso e comandado pelos pleitos e demandas do bloco.

Mas o Centrão diz que o recado do youtuber não é apenas para o atual presidente da República – é para qualquer um que se eleja como chefe do País.

Um dos mais importantes aliados de Bolsonaro, da cúpula do Congresso, ironizou e resumiu assim a polêmica: “Mas ele tá errado? Quem não vai ser tchutchua do Centrão?”.

Com o favoritismo de Lula se repetindo nas pesquisas atuais – o que são fotografias do momento – o Centrão reforça o jogo duplo: faz o que pode para reeleger Bolsonaro – pois terá mais poder com o presidente da República. Mas o Centrão também já dá sinais nos bastidores de que, se for Lula o eleito, o petista sabe que não vai governar sem o bloco.

A não ser que crie o seu próprio Centrão com outros partidos, uma espécie de “Centrão do B”, como ironizam parlamentares.

Se for Lula, Arthur Lira, por exemplo, que nunca conversou com o petista, pode ver patrocinado um adversário pelo Planalto para derrotar sua reeleição à presidência da Câmara.

Mas líderes do Centrão lembram que, toda vez que o PT tentou interferir na disputa pelo comando da Câmara, foi derrotado e, num dos mais emblemáticos casos, enfrentou um inimigo no comando dos deputados: Eduardo Cunha.

Por isso, o Centrão já pisca nos bastidores para interlocutores de Lula – e esta semana em Brasília, por causa da posse no TSE, foi recheada de encontros reservados entre esses campos políticos – para sinalizar que, se Lula ganhar, ninguém vai fechar porta ou recusar convite para conversar. Não fizeram no passado, não farão agora.

Sugerem, apenas, duas preocupações nessas conversas reservadas: a primeira é sobre o Orçamento secreto. Acham improvável que Lula consiga acabar com a prática pois repetem ao QG de Lula que parlamentares da oposição negam publicamente, mas seriam beneficiários também.

E o segundo ponto tratado é o seguinte: se o PT ganhar, Lula não precisa patrocinar – mas não atrapalhar – os projetos de poder do Centrão no Congresso pois, como gostam de definir, quando decidem ser inimigos do Planalto “são muito trabalhadores”.

G1