TSE proibirá eleitor de ir votar armado
Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE
Em guerra com o Planalto por conta da incansável cruzada contra as urnas eletrônicas, o TSE deve contrariar o presidente da República na noite desta terça-feira (30) com dois julgamentos sobre temas sensíveis ao bolsonarismo: o porte de armas no dia de votação e a disseminação de fake news contra o sistema eleitoral.
No caso das fake news, a expectativa de integrantes da Corte é a de que o plenário confirme a decisão do ministro Mauro Campbell, que determinou a remoção dos vídeos da reunião de Bolsonaro com embaixadores no Palácio da Alvorada. Aliados de Bolsonaro já dão como certo a derrota no caso.
Naquela ocasião, Bolsonaro reiterou os ataques infundados contra as urnas eletrônicas, que são usadas pelos brasileiros desde as eleições municipais de 1996 – e até hoje sem nenhuma acusação de fraude comprovada.
A maior polêmica a ser enfrentada pelo TSE diz respeito a uma consulta formulada por parlamentares da oposição, após um bolsonarista matar a tiros um petista em Foz do Iguaçu, durante uma festa de aniversário com temática voltada ao partido de Lula.
O crime chocou o país e ampliou a preocupação com o alcance de violência política, à medida que se aproximam as eleições.
Os parlamentares da oposição querem que seja proibida a circulação de pessoas portando armas e a entrada nos locais de votação e seções eleitorais apenas nos dias do primeiro turno (2 de outubro) e do segundo turno (30 de outubro).
Os parlamentares pediram ao TSE que só seja permitido o porte de armas aos membros das Forças de Segurança, que estejam em serviço no dia da eleição.
A equipe da coluna apurou que a tendência é a de impor alguma restrição ao porte de armas, mas integrantes da corte ainda divergem sobre a extensão dessa restrição.
Um dos pontos avaliados reservadamente nos bastidores, ao longo dos últimos dias, é se a restrição deve valer apenas para o dia da votação, como foi pedido pelos partidos, ou se estender para todo o final de semana, por exemplo.
Preocupado com a segurança do pleito, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes tem sinalizado ser a favor de impor mais limites. Já o vice-presidente da Corte, Ricardo Lewandowski – que é o relator do caso – tem demonstrado defender uma restrição mais pontual.
Em reunião com vinte três comandantes de polícias militares estaduais na semana passada, Moraes discutiu questões como a segurança dos mesários e a eventual restrição ao porte de armas, bem como ao treinamento e transporte de armas pelos CACs no dia das eleições.
Independentemente do desfecho do julgamento, uma outra dúvida deve permanecer: como controlar o ingresso de armas aos locais de votação?
O país tem mais de 500 mil seções eleitorais, e usar detector de metais em todas elas é uma tarefa impossível por questões logísticas.
Apesar dessas indefinições, a sessão desta terça-feira servirá para o TSE mais uma vez marcar posição contra as fake news e qualquer forma de intimidação à democracia.