Aliados seguem vendo tudo cor-de-rosa para Bolsonaro

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 Foto: Mary Altaffer/AP

Aliados de Jair Bolsonaro celebraram a passagem do presidente por Nova York, após a desastrada visita a Londres, que rendeu a ele uma saraivada de críticas na mídia brasileira e internacional por usar o funeral da rainha Elizabeth II para fazer campanha política de uma maneira muito explícita.

O presidente partiu ontem de Londres rumo à cidade americana. Hoje, discursou na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, um papel que tradicionalmente cabe ao Brasil.

“Não demos brecha para baterem”, disse um integrante da comitiva presidencial ao Valor. “[Bolsonaro] não falou de urna, de STF e outros temas polêmicos.”

Na ONU, Bolsonaro fez uma fala voltada sobretudo ao público interno. Apontou a corrupção na Petrobras, sem citar o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas em clara alusão a ele.

Também citou a perseguição a católicos na Nicarágua, onde um aliado de Lula, Daniel Ortega, é presidente. E falou sobre a economia brasileira que, segundo Bolsonaro, tem tido um melhor desempenho do que a de outros países.

Fontes da campanha disseram que esses trechos do discurso do presidente deverão ser aproveitados no horário eleitoral.

A avaliação é que a assembleia da ONU rendeu uma “mídia espontânea” para o presidente, o que por si só é positivo neste momento da campanha. Entretanto, algumas fontes viram uma repercussão “tímida” da fala de Bolsonaro nas redes sociais, com pouco engajamento.

A dúvida entre aliados do presidente é se, com sua fala, ele conseguiu “romper a bolha” bolsonarista e cativar alguns eleitores indecisos.

Esse era o objetivo também da ida do presidente ao funeral da rainha da Inglaterra. Entretanto, a exposição que ele conseguiu em Londres foi muito negativa.

A visita ao Reino Unido ficou marcada por polêmicas como o discurso eleitoral na sacada da residência oficial da Embaixada brasileira e o comportamento desrespeitoso de militantes no local em um dia de luto para o país.

Um homem inglês chegou a discutir com apoiadores de Bolsonaro pedindo respeito à rainha. E um blogueiro para quem o presidente havia concedido entrevista hostilizou uma equipe da estatal britânica BBC, apoiado por comparsas que cercaram uma repórter e seu cinegrafista.

Também rendeu críticas ao presidente sua visita a um posto de gasolina londrino. Ali, de maneira descontextualizada, ele comparou o preço da gasolina com o dos postos brasileiros.

O jornal “The Times” estampou uma foto do presidente brasileiro no local com a manchete: “Bolsonaro interrompe luto para marcar pontos políticos”.

Valor Econômico