Analistas não veem lucro eleitoral de Bolsonaro ontem

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Adicionar novoFoto: Evaristo Sa/AFP

É inegável que o presidente Jair Bolsonaro (PL) arrastou multidões aos atos a que compareceu no 7 de Setembro deste ano, em Brasília e Rio de Janeiro. Mesmo em São Paulo, onde ele sequer discursou por vídeo, vários manifestantes bolsonaristas tomaram a Avenida Paulista. Mesmo assim, na visão de especialista, o discurso voltado para sua base mais fiel de apoiadores não trará muito lucro eleitoral — ao menos nas próximas pesquisas.

“Bolsonaro discursou para convertidos dentro da estratégia de reforçar sua base para conseguir chegar ao segundo turno”, avalia o cientista político Leandro Consentino, professor do Insper. “Essa parece ser a estratégia de agora: fidelizar seu terço de apoiadores ao invés de buscar o eleitor de centro. E no segundo turno poderá se vender como alternativa ao Lula e ao PT”, continua o especialista.

Por isso, Consentino acredita que os atos não trarão uma mudança fundamental na aprovação do presidente ou nas suas intenções de voto. Ou, se houver mudança nas próximas pesquisas (o novo levantamento Datafolha está marcado para sair na sexta-feira, 9), ele não acredita que será por conta do 7 de Setembro, mas sim por uma pequena melhora da situação econômica ou o pagamento do Auxílio Brasil.

Ao mesmo tempo, o especialista entende que as manifestações do feriado servem de alerta para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uma vez que deixam claro que Bolsonaro irá utilizar as instituições ao seu favor e fez campanha durante um momento cívico. “Isso deve fortalecer a narrativa de que ele precisa ser derrotado no primeiro turno para diminuir riscos de uma aventura inconstitucional”, pontua o cientista político.

“Além disso, a mobilização popular que Bolsonaro conseguiu é importante para manter a descredibilização dos institutos de pesquisa. Ele vai utilizar as imagens não só na campanha atual, mas talvez até numa eventual derrota nas urnas, para dizer que as ruas mostram o contrário da eleição. É um ativo importante dentro da estratégia de deslegitimar o processo eleitoral como um todo”, continua Consentino.

Por fim, o especialista crê que as manifestações reforçam a polarização, e que a chamada terceira via sai como a mais prejudicada do dia. Candidatos postulantes a ser uma alternativa a Lula e Bolsonaro, como Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), se manifestaram no feriado, mas estiveram longe das repercussões — positivas e negativas — das manifestações bolsonaristas.

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