Bolsonaro acusa Barroso e Fachin de “provocação”
Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles
O presidente Jair Bolsonaro disse a auxiliares ter visto como “provocação” as recentes decisões dos ministros do STF Edson Fachin e Luís Roberto Barroso contra medidas assinadas por seu governo.
Segundo fontes do Palácio do Planalto, Bolsonaro avaliou que as decisões soaram como provocação por conta da proximidade com o 7 de Setembro, quando o presidente convocou atos em apoio a ele.
Apesar da irritação, o atual chefe do Planalto tem prometido a aliados “não cair em provocação” e evitar atacar nominalmente os ministros do Supremo nos atos públicos durante o feriado.
“O presidente entendeu tudo isso como provocação e está disposto a não cair em provocação. Ele tem dito que vai evitar polemizar”, afirmou à coluna um influente auxiliar de Bolsonaro.
A avaliação de aliados é de que ataques a ministros do STF até empolgam a militância bolsonarista, mas afastam eleitores mais moderados que o atual presidente precisa conquistar para superar Lula.
Bolsonaro foi aconselhado por auxiliares a deixar que os órgãos jurídicos do governo, como a AGU, e os ministros alinhados a ele no STF questionem as decisões de Barroso e Fachin.
Nesta segunda-feira (5/9), o presidente foi às redes sociais criticar “ações autoritárias” de “verdadeiros tiranos”, mas não citou Fachin nem a decisão do ministro diretamente.
Bolsonaro, de acordo com seus aliados, quer manter o foco dos atos de 7 de Setembro na defesa da “transparência e segurança” das eleições e das liberdades, em especial a liberdade de expressão.
Auxiliares dizem que o objetivo principal de Bolsonaro é usar imagens dos atos no feriado para “mostrar ao mundo” que sua defesa de “eleições limpas” é uma pauta que tem apoio na sociedade.
Os próprios ministros do governo admitem, no entanto, que Bolsonaro é “imprevisível” e pode não resistir e atacar nominalmente Barroso, Fachin e Alexandre de Moraes nos discursos no 7 de Setembro.
A decisão de Barroso vista como “provocação” por Bolsonaro foi a suspensão do piso nacional da enfermagem. A medida tinha sido aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente da República.
Já a decisão de Fachin criticada por Bolsonaro foi a de suspender trechos de decretos presidenciais que flexibilizavam a compra de armas e munições por cidadãos comuns.
Barroso argumentou que a suspensão que era necessária para esclarecer o impacto financeiro do piso da enfermagem. Já Fachin citou o “risco de violência política” para embasar sua decisão.