Bolsonaro triplica orçamento do desfile de 7 de setembro

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Foto: Leo Bahia/Fotoarena/O Globo

O governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) vai gastar R$ 3,38 milhões com o desfile militar de 7 de Setembro em Brasília neste ano. A previsão do custo foi publicada no Diário Oficial da União e o serviço será prestado pela WFC-Goiás Serviços e Prestações. Além da tradicional parada militar na Esplanada dos Ministérios, também estão previstos fogos de artifício na Torre de TV da capital federal. No desfile de 2019, o mais recente, o valor da realização do evento foi de R$ 971 mil.

O desfile militar ocorre tradicionalmente todos os anos, mas foi interrompido em 2020 e 2021 por causa da pandemia do coronavírus. Neste ano, o dia vai marcar o Bicentenário da Independência do Brasil. A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal espera um público recorde para 2022 e montou um esquema de segurança de proporções inéditas para evitar conflitos.

No mesmo dia do desfile na capital federal, são esperadas manifestações de apoiadores de Bolsonaro. Os grupos têm adotado discursos de ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e lançado dúvidas, sem provas, sobre a confiabilidade das urnas e do atual sistema eleitoral. Parte dos apoiadores do presidente, por exemplo, prega até um golpe caso o presidente perca a eleição para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A vitória do petista é o cenário mais provável de acordo com as pesquisas de intenção de voto.

O próprio presidente Bolsonaro tem estimulado os atos. Em julho, durante a convenção que lançou sua candidatura à reeleição, convocou seus apoiadores a irem “às ruas pela última vez” e atacou ministros do Supremo, os chamando de “surdos de capa preta”. No último sábado, 3, em um evento no Rio Grande do Sul, chamou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, de “vagabundo” por autorizar ação contra empresários que estariam tramando contra a democracia em grupos de WhatsApp.

No ano passado, bolsonaristas furaram um bloqueio feito pela Polícia Militar do Distrito Federal e ocuparam a Esplanada com caminhões além do tempo previsto. A desocupação só começou a ser feita a partir do dia 9, após uma série de negociações entre os manifestantes e a Secretaria de Segurança Pública do DF.

Para evitar que isso repita, o governo do DF proibiu a entrada de veículos na Esplanada e vai isolar, vetando a entrada até de pedestres, prédios considerados sensíveis, como a própria sede do Supremo e o Congresso, o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Justiça. Os atos bolsonaristas em Brasília também vão ocorrer na Esplanada e devem começar na tarde do dia 7, após o desfile oficial, que está previsto pela manhã.

O presidente não costuma discursar no evento oficial, mas pode fazer uma participação nos atos de seus apoiadores. No ano passado, ele subiu em uma caminhão de som na capital federal, mas o discurso mais inflamado do dia foi realizado em São Paulo, onde Bolsonaro disse que não cumpriria ordem de Moraes e o chamou de canalha. Dois dias depois, após influência do ex-presidente Michel Temer (MDB), o chefe do Poder Executivo recuou e divulgou uma carta em que disse que não teve a “intenção de agredir quaisquer Poderes”.

Neste ano, após sair de Brasília, o presidente participará do evento de 7 de setembro do Rio de Janeiro.

Estadão