Bolsonaro vira alvo em debate

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Foto: Rodrigo Paiva/Getty Images

O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o principal alvo entre os seis presidenciáveis que participaram do debate VEJA, realizado neste sábado, 24, em São Paulo, nos estúdios do SBT. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi convidado, mas decidiu não comparecer.

Segundo monitoramento feito pela Quaest ao longo do debate — com mais de 7 milhões de menções ao encontro nas redes sociais (Twitter, Facebook e Instagram), Google e sites –, Bolsonaro teve 49% de citações positivas contra 51% de negativas. Entre os presentes, o seu desempenho só foi melhor que os dos nanicos Felipe d’Avila (Novo), que teve 39% de positivo, e Padre Kelmon (PTB), que ficou com 32% e foi o pior do debate.

De acordo com o levantamento, a melhor foi Simone Tebet, do MDB (65% de menções positivas), seguida de Ciro Gomes, do PDT (58%), e Soraya Thronicke (União Brasil), com 50%. Tebet já havia sido considerada a melhor debatedora no primeiro encontro presidencial, na Band, em 28 de agosto. Lula, que não foi ao debate VEJA, conseguiu 46% de citações positivas, quase o mesmo percentual do presidente.

Bolsonaro tinha no debate uma grande oportunidade para tentar explorar a ausência de Lula e diminuir a distância que o separa do petista na corrida presidencial (47% a 33%, segundo o último Datafolha), mas aparentemente ele não conseguiu.

No primeiro bloco, Lula chegou a ser o mais lembrado, com 38 citações, todas lamentando a sua postura de não ir ao debate ou fazendo críticas diretas aos governos do PT, mas isso foi perdendo força ao longo dos demais blocos (foram oito citações no segundo bloco, seis no terceiro e cinco no quarto).

O maior foco passou a ser Bolsonaro, alvo principalmente de Tebet e Soraya, que enfileiraram críticas ao comportamento do presidente na pandemia e envolvendo outros temas, como orçamento secreto, comportamento com as mulheres, aumento da fome, preço dos alimentos, corte de verbas para a merenda escolar e até compra de viagra.

Logo na primeira pergunta, Tebet já disse a Bolsonaro: “Que você não respeita as mulheres, todo mundo já sabe”, reintroduzindo um tema incômodo ao presidente na atual campanha. Depois, ela criticou declaração recente de Bolsonaro, que minimizou o problema da fome no Brasil. “Lamentável nós termos um presidente insensível, que não conhece a realidade do Brasil. Ele não está preparado para governar o Brasil porque não trabalha. Fica andando de moto, de jet-ski”, disparou.

Soraya, que já tinha viralizado no debate da Band ao dizer que não gostava de homem que era “tchutchuca” com outros homens, mas um “tigrão” com as mulheres (ao defender uma jornalista que havia sido destratada por Bolsonaro), agora foi parar nos assuntos mais comentados nas redes sociais ao pedir ao presidente que “não cutuque a onça com a sua vara curta” – uma referência à personagem Juma Marruá, da novela Pantanal, que se transforma no animal. A expressão “vara curta” foi parar nos assuntos mais comentados do Twitter e viralizou na forma de meme.

O “paredão” no qual os adversários colocaram Bolsonaro ficou evidente com o fato de os três direitos de resposta concedidos pela produção do programa terem sido para Bolsonaro — outros foram negados.

Bolsonaro se enrolou até ao tentar jogar o rótulo de corrupto no ausente Lula. A compra de imóveis em dinheiro vivo por sua família, as suspeitas de rachadinha envolvendo gabinetes parlamentares da família e as mais recentes revelações sobre cobrança de propina no MEC colocaram o presidente na defensiva.

Um personagem de última hora na corrida presidencial, o candidato Kelmon Luís da Silva, que se apresenta como Padre Kelmon (PTB), tentou sair em defesa do presidente. Alegando afinidade ideológica, fez o papel de advogado durante quase todo o encontro, mas acabou ilustrando a situação em que se encontrava Bolsonaro. “Todos os candidatos aqui atacando um só, o presidente da República. Agora são cinco contra dois, porque nós somos dois candidatos de direita”, disse.

A uma semana da votação, Bolsonaro deveria ter saído do debate com a certeza de que ganhou alguns pontos e que seu principal rival perdeu muitos, mas nenhuma das duas coisas parece provável.

A esperança de Bolsonaro de evitar a derrota já no primeiro turno talvez dependa mais agora da possibilidade de os candidatos da terceira via, notadamente Tebet e Ciro, terem conseguido alguns pontos fundamentais para impedir que Lula tenha 50% mais um voto válido no dia 2 de outubro.

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