Campanha de Bolsonaro traça estratégias com pesquisas fajutas

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Foto: Arte O Globo

Os resultados da última pesquisa Datafolha, divulgada sexta (9), não trouxeram grandes mudanças no cenário nacional – e a pesquisa IPEC a ser divulgada hoje também pode não trazer. Mas para a campanha de Bolsonaro isso não faz diferença, porque para seus estrategistas o presidente já está no segundo turno das eleições junto com Luiz Inácio Lula da Silva.

O núcleo político da campanha de Jair Bolsonaro considera que o segundo turno começou nos comícios de 7 de setembro, que foram eficientes em pautar temas da corrupção, do apoio dos evangélicos e da rejeição de Bolsonaro entre as mulheres.

Nem mesmo a denúncia de que a família Bolsonaro adquiriu 51 imóveis total ou parcialmente em dinheiro vivo prejudicou a estratégia. Pelo contrário, a denúncia levou a campanha a pisar no acelerador.

Até 2 de outubro, a ordem é intensificar os ataques a Lula e ao PT, sempre ligando o partido à corrupção e à recessão do período de Dilma Rousseff.

Ao mesmo tempo, a campanha se prepara para enfrentar o segundo turno em três possíveis cenários, debatidos em reuniões recentes da coordenação política do presidente em Brasília.

Nas projeções dos bolsonaristas, o mais provável é que Lula chegue ao segundo turno empatado com Bolsonaro ou com uma pequena vantagem, algo em torno de 4 pontos percentuais. Diferentemente do que trouxe o Datafolha, as pesquisas internas da campanha vem mostrando empate técnico entre os dois há alguns dias. Elas podem estar erradas, mas é nelas que os coordenadores políticos do presidente se baseiam.

Se esse cenário se confirmar, nas palavras de um dos integrantes do núcleo político da campanha, eles acreditam que podem vencer “só trabalhando a máquina e a rejeição”.

Trabalhar a máquina, claro, significa liberar o máximo possível de recursos federais para municípios e aliados. E o modo de reforçar a rejeição será investir pesado no medo da volta do PT ao poder para tentar reconquistar os eleitores perdidos para Lula nos últimos tempos.

Um outro quadro considerado menos provável é que Lula chegue ao segundo turno muito na frente de Bolsonaro – algo como 10 pontos ou mais. Os estrategistas do presidente reconhecem que, nesse caso, será muito difícil virar a eleição no segundo turno. “Se isso acontecer, vamos ter que tirar um coelho da cartola”, diz um integrante do núcleo político.

A última possibilidade seria Bolsonaro chegar ao segundo turno já bem à frente de Lula – algo que seus aliados costumam dizer em público, mas em que no fundo nem eles acreditam muito. “Aí é só deixar Lula se enrolar com o próprio desespero e partir para o abraço”, avalia esse aliado do presidente.

Em tempo: o famoso “vai ser no primeiro turno” que tanto se ouviu nas ruas, em 7 de setembro, não consta das projeções internas da campanha de Bolsonaro.

O Globo