Candidatos bolsonaristas temem apoiar 7/9

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Foto: Domingos Peixoto / Agência Globo

Apesar da reiterada convocação do presidente Jair Bolsonaro (PL) para seus apoiadores participarem de atos nas ruas no dia 7 de Setembro, candidatos em palanques bolsonaristas nos estados têm evitado a mesma postura. Entre a minoria que tem promovido chamados, vários optaram por gravar vídeos para circular entre a militância, em vez de publicar os convites em suas redes sociais.

Um dos aliados mais competitivos de Bolsonaro em disputas majoritárias, o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), ainda não confirmou presença em atos bolsonaristas no Dia da Independência. Embora tenha o apoio do presidente, Ratinho tem procurado se descolar da eleição nacional, e se apresenta na propaganda eleitoral como um candidato da “união” e contra os “extremos”.

O governador deve participar apenas de eventos oficiais em comemoração ao bicentenário da Independência. Apoiadores de Bolsonaro estão organizando um ato no Centro Cívico, em Curitiba, com a presença de trios elétricos.

Líder nas pesquisas ao governo do Ceará, Capitão Wagner (União Brasil) tem usado do mesmo expediente. Ele deve acompanhar o desfile, mas, segundo seus aliados, “ele nunca convocou (atos), este ano não será diferente”.

Ontem, reportagem do GLOBO mostrou que as convocações para atos em diversos estados têm sido turbinadas por youtubers e candidatos bolsonaristas ao Legislativo, com mensagens de teor golpista e ataques ao Judiciário em meio a pedidos de doações via Pix. Lideranças evangélicas e do agronegócio também têm participado do financiamento dos atos, embora em alguns casos haja divergências sobre o tom do discurso em relação às instituições.

O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), correligionário de Bolsonaro, não bateu o martelo sobre sua presença nos atos programados para Copacabana, embora seja esperado por aliados do presidente — que comparecerá a uma cerimônia militar e deve discursar em um trio elétrico do pastor Silas Malafaia. Interlocutores do governador disseram reservadamente ao GLOBO estarem receosos com um possível desgaste de Castro caso resolva participar de atos com bandeiras antidemocráticas.

No ano passado, o governador acompanhou as manifestações de longe, do Centro Integrado de Comando e Controle. Ao final, deu uma entrevista dizendo que a democracia brasileira “dá sinais claros de maturidade”, em referência à ausência de conflitos no dia. Na ocasião, Bolsonaro esteve presencialmente em atos de bolsonaristas em Brasília e em São Paulo, e xingou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de “canalha”.

A estrutura para receber as comemorações do bicentenário da Independência começou a ser montada ontem na Avenida Atlântica, em Copacabana. Bolsonaro vem convocando seus apoiadores para manifestações no local, que estão sendo encaradas por sua campanha como uma demonstração de apoio eleitoral ao chefe do Executivo. Na orla da praia, soldados do Comando Militar do Leste montaram um palco e penduraram bandeira do Brasil, com as pistas fechadas para veículos.

Outros candidatos apoiados de Bolsonaro mantêm discrição sobre suas prováveis participações nos atos do 7 de Setembro. É o caso do ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo, que participou de um vídeo gravado por apoiadores da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e procurou apresentar as manifestações com tom moderado:

— A gente quer convocar todo mundo para essa grande festa cívica do Sete de Setembro. Uma festa em direção à esperança, à prosperidade, mostrando o quanto a gente avançou nestes anos com o presidente Bolsonaro — afirmou no vídeo.

Em Santa Catarina, aliados do senador e candidato ao governo Jorginho Mello (PL) dizem que ele participará do ato em Florianópolis e pretende percorrer também cidades próximas. Ele tem gravado vídeos para apoiadores de Bolsonaro citando os 7 de Setembro. Não há, contudo, convocação em suas redes sociais.

Outros candidatos a governos estaduais, como Carlos Viana (PL), em Minas, e Anderson Ferreira (PL), em Pernambuco, disseram que ainda vão convocar apoiadores para os atos. O governador do Amazonas, Wilson Lima (União), não tem agenda prevista e deve ficar fora das manifestações. (Colaborou Lucas Mathias)

O Globo