Candidatos do PDT seguem escondendo Ciro

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Foto: Reprodução

Diante da dificuldade do candidato a presidente Ciro Gomes (PDT) em subir nas pesquisas, pedetistas têm escondido o correligionário em suas campanhas. O GLOBO analisou as redes sociais e as propagandas eleitorais na internet de integrantes do partido que concorrem a governos estaduais e ao Senado — importantes para dar capilaridade e musculatura ao presidenciável país afora. Na maioria das peças e perfis, as menções a Ciro são tímidas, como o nome dele escrito em letras pequenas.

Desde o início da campanha, Ciro não vem conseguindo alcançar os dois dígitos nas pesquisas. No levantamento do Datafolha, divulgado na quinta-feira, ele aparece com 8% das intenções de voto. Na prática, o mau desempenho afugenta correligionários.

O PDT lançou dez candidatos a Executivos estaduais, mesmo número de postulantes do partido ao Senado. Desses 20 políticos, pelo menos três evitam expor Ciro a todo custo — os candidatos a governo Weverton Rocha (MA) e Rodrigo Neves (RJ), assim como Carlos Eduardo (RN), que briga pelo Senado.

O trio procura esconder até a logomarca do presidenciável. Além, disso, os três já flertaram com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder na corrida ao Palácio do Planalto (45%, pelo Datafolha), e principal adversário de Ciro na disputa pelo eleitorado da esquerda. Neves passou a evitar acenos mais ostensivos ao petista após ser cobrado pelo comando do PDT. Já Weverton compartilhou, em 24 de agosto, um vídeo em que afirma sempre ter estado ao lado de Lula. Na campanha de Carlos Eduardo, ocorreu o inverso. Foi Lula quem gravou pedindo votos para o candidato ao Senado Federal.

A postura do trio contraria uma resolução do PDT que proíbe integrantes do partido de fazer campanha para adversários, caso de Lula no plano nacional. Ainda assim, as campanhas de Weverton Rocha, Rodrigo Neves e Carlos Eduardo foram abastecidas com recursos da legenda: R$ 11,5 milhões, R$ 10 milhões e R$ 1,2 milhão, respectivamente, até agora.

A situação de Ciro é oposta a de seus dois maiores concorrentes. Os aliados de Lula, sobretudo, e do presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo lugar nas pesquisas, com 33%, costumam separar espaços generosos de suas peças publicitárias para expor seus padrinhos. A opção tem origem no pragmatismo eleitoral: a associação à imagem do favorito na disputa presidencial tende a trazer mais votos do que a proximidade com o terceiro lugar nas pesquisas, patamar em que Ciro está estacionado desde o início da campanha.

Mesmo no Ceará, o estado de Ciro, o candidato a governador pelo PDT, Roberto Cláudio, tem dedicado pouco espaço ao presidenciável, de quem é aliado há mais de uma década. Quase não há referências a Ciro no site da campanha de Roberto Cláudio, assim como nas propagandas eleitorais, embora elas sejam assinadas por João Santana, o mesmo marqueteiro do postulante ao Planalto. Nas redes sociais do candidato a governador, o presidenciável pedetista é citado em apenas seis publicações desde o início oficial da campanha, no dia 16 de agosto.

O Globo