Governo do DF resiste a caos bolsonarista
Foto: Cristiano Mariz/O Globo
Após uma queda de braço entre o Palácio do Planalto e o governo do Distrito Federal que se arrastou por boa parte da noite da terça-feira (6), o governador Ibaneis Rocha (MDB) determinou o reforço da segurança para impedir a entrada de caminhões na Esplanada dos Ministérios.
Além do esquema de segurança já montado para impedir a entrada de veículos na Esplanada, o GDF ainda vai instalar barreiras de concreto nas entradas da via para dificultar que motoristas violem as restrições instaladas desde a manhã de terça-feira no local.
A medida foi tomada para evitar que a região, que se estende desde a Rodoviária de Brasília até a Praça dos Três Poderes, e onde estão localizados o STF, o Congresso e o Palácio do Planalto, fosse invadida por caminhoneiros, como ocorreu no ano passado. Segundo relatório da Polícia Federal, quase 70 caminhões cercaram a Esplanada na ocasião.
A disputa entre a presidência da República e o governo do DF começou no final da tarde de ontem. Depois de uma visita de Jair Bolsonaro ao local onde estão alojados dezenas de caminhões, nos arredores da capital, o Planalto passou a pressionar Ibaneis Rocha para que autorizasse a entrada dos veículos.
O GLOBO apurou ainda que produtores rurais que têm linha direta com o presidente Jair Bolsonaro estavam pedindo a ele que interviesse junto a Ibaneis, de quem é a aliado, na tentativa de derrubar o veto a caminhões na Esplanada. O governador disse não ter sido procurado por ninguém para tratar do assunto.
A Secretaria de Segurança Pública distrital havia determinado a proibição da entrada de caminhões na Esplanada a pedido do Supremo Tribunal Federal a partir de terça, mas acabou antecipando o bloqueio para a noite de segunda-feira devido à chegada de manifestantes antes do previsto nas imediações da capital.
Num primeiro momento, Ibaneis chegou a ceder a Jair Bolsonaro. O governador chegou a confirmar a jornalistas, no início da noite, que havia liberado o acesso dos caminhoneiros a pedido da presidência da República.
A equipe da coluna ainda confirmou com três fontes envolvidas nos preparativos para o 7 de setembro no Judiciário e às Forças Armadas que Bolsonaro interviu, de fato, para que caminhoneiros ocupassem a Esplanada.
O Exército, responsável pela organização das comemorações oficiais da Independência, chegou inclusive a mobilizar uma operação para cadastrar os veículos.
O plano era o de reduzir a extensão do bloqueio na Esplanada, permitindo que os caminhões ficassem estacionados nas imediações da Catedral, a apenas 1,6 km de distância do Supremo.
Nesse momento, as estimativas de quantos caminhões poderiam estacionar por ali variavam entre 60 e 150 veículos.
A repercussão da liberação do acesso aos caminhoneiros, porém, provocou frisson entre autoridades de Brasília.
“Nesse meio termo, o governo Ibaneis mudou de ideia, disse que não ia ser autorizado e foi suspenso o cadastramento”, relatou um auxiliar de Bolsonaro.
No fim da noite, a Secretaria de Segurança Pública do DF divulgou uma nota informando que os caminhões continuariam vetados na Esplanada.
Procurado pela equipe do blog, Ibaneis reforçou que só veículos do Exército poderão transitar pela via onde estão os ministérios, o Supremo, o Congresso e o Planalto durante o desfile militar.
O governador, porém, disse que não mudou de ideia, porque os caminhões nunca foram autorizados de fato a entrar na Esplanada, e negou qualquer mal-estar com a presidência da República.