Janones fura bolha de esquerda

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Foto: Ricardo Stuckert

A presença do deputado André Janones (Avante-MG) na campanha de Lula à Presidência tem movimentado de forma única os bastidores e a equipe do ex-presidente.

Se, de um lado, Janones é aplaudido por dar a Lula uma visibilidade que ele não tinha nas redes sociais, do outro, como mostrou VEJA, há uma preocupação com o impacto que a estratégia midiática do parlamentar pode causar na campanha do petista.

Mas, para além dos erros do deputado, que já espalhou fake news e foi processado por ataques e ofensas, ele tem feito um trabalho inédito. De uma forma única até o momento, tenta – a partir do espectro político da esquerda – jogar de igual para igual com o bolsonarismo no lamaçal das redes sociais.

E, repito, isso está sendo feito pela pela primeira vez por um político no Brasil.

Desde 2018, os conselheiros mais próximos de Bolsonaro – como o filho zero dois – têm investido numa técnica odiosa de fazer política baseada na construção de falácias, ataques às instituições democráticas, ataques contra jornalistas e a disseminação em massa de fake news.

O objetivo é um só: desgastar a democracia e esgarçar as quatro linhas da Constituição.

O fato é que o bolsonarismo é robusto nas redes sociais e, até então, nem Lula nem o PT – nem ninguém da esquerda, diga-se de passagem – tinha conseguido enfrentar isso.

É aí que entra Janones, com seu forte público na internet.

Atuando em parte na mesma sintonia do bolsonarismo, o deputado está próximo de furar a bolha petista e dialogar com aqueles eleitores que ainda não decidiram seu voto. Ou que até já decidiram, mas estão abertos a mudar de ideia.

Certo ou não, e este espaço não está dizendo que a forma encontrada por Janones é a correta, encarar o bolsonarismo é salutar para a sobrevivência da democracia brasileira.

O parlamentar – nessa estratégia inovadora – não só furou a bolha, mas está tentando traduzir aos mais jovens o que de fato acontece no país desde 2018.

O lado ruim é que ele, às vezes, usa a mesma forma degradante da política de humilhar o próximo, o que tem ajudado a colocar a barra lá embaixo, se olharmos para 1988 e o discurso de outro parlamentar, Ulysses Guimarães.

Mas, veja leitor, enquanto o bolsonarismo brada que “Supremo é o povo”, Janones veste a camisa do “quem manda é o povo”. Um “grito de guerra” populista ataca a mais alta corte do país, o outro tenta exaltar o voto e a urna eletrônica.

Apesar dessa estratégia em parte “violenta”, que quase o fez partir para a agressão contra o ex-ministro bolsonarista Ricardo Salles, o deputado está dando ao PT uma nova cara no que diz respeito ao enfrentamento da extrema-direita brasileira.

Respeitando a democracia e a laicidade, coisa que o outro lado não faz em nenhum momento, essa imagem do evangélico Janones tem sido importantíssima na campanha.

Não se sabe ainda o tamanho – nem o que acontecerá faltando 25 dias para as eleições -, mas Janones certamente estará no rol dos atores mais importantes de 2022, caso o ex-presidente de fato volte ao poder.

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