Lula chega mais forte ao 1o turno que em 2006

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Foto: Márcio de Souza

A quase uma semana da eleição, o cenário da eleição de 2022 continua extremamente similar ao da campanha à reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2006. Assim como há 14 anos, o ex-presidente chega às vésperas da votação tentando liquidar a fatura no primeiro turno. Um dia antes da eleição daquele ano, Lula tinha 50% dos votos válidos, segundo o Datafolha, a mesma pontuação que alcançou no levantamento divulgado na quinta-feira pelo instituto.

A coincidência nos números revelam dois países diferentes, apesar do resultado similar. Em 2006, Lula tinha a preferência de 43% das mulheres. Hoje, esse número é de 53%. Entre homens, a preferência oscilou negativamente de 49% para 46%.

Naquele ano, o presidente já começava a perder a preferência dos mais jovens: tinha 45% entre jovens de 16 a 24 anos. Esse ano, entretanto, abriu larga vantagem entre os mais jovens: 57% preferem o ex-presidente e não Bolsonaro.

Mas o país também mudou: o GLOBO comparou qual era o tamanho de cada estrato no eleitorado em 2006 e em 2022. O percentual de eleitores que tinham até o Ensino Fundamental há 14 anos era quase metade do eleitorado, fatia que caiu para 29%. Por outro lado, aqueles que tinham cursado uma faculdade respondiam por apenas 12% do eleitorado, número que hoje é de 23%.

Essa mudança explica as flutuações observadas em cada grupo. Entre os eleitores com Ensino Superior, por exemplo, Lula tinha 28% em 2006 e hoje tem 41%, um aumento de 13%. O aumento não é explicado apenas pela preferência dos eleitores, mas pela mudança de perfil desse grupo, menos elitizado do que era em 2006.

Mas quando analisados por renda, Lula cresceu entre os mais ricos. Em 2006, aqueles cuja renda familiar superava 10 salários mínimos preferiam o adversário de Lula, Geraldo Alckmin, hoje vice do petista. Nesse grupo, Lula tinha 25% dos votos e hoje tem 37%. O presidente só oscilou negativamente entre os que recebem de 2 a 5 salários-mínimos: indo de 42% para 38%.

Considerada a principal força das candidaturas petistas, o percentual de votos no Nordeste permanece no mesmo nível: Lula tinha 64% no Nordeste às vésperas da eleição de 2006 e hoje tem a mesma pontuação. O ex-presidente também oscilou positivamente no Sudeste: 4 pontos, indo de 41% para 45%. Mas, assim como em outros estratos, houve uma mudança dentro desse grupo: em 2006, Lula liderava com folga no Rio de Janeiro e perdia em São Paulo, maior colégio eleitoral do país. Este ano, a situação deve se inverter: o petista aparece na liderança nas pesquisas realizadas em São Paulo, enquanto está em uma disputa acirrada no Rio de Janeiro, aparecendo numericamente atrás de Jair Bolsonaro (PL) em algumas pesquisas.

O Globo