Lula diz que Bolsonaro prevê própria derrota

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Foto: Anna Moneymaker/AFP

Em resposta ao discurso do presidente Jair Bolsonaro (PL) de que se ele não vencer a eleição no primeiro turno com mais de 60% dos votos, “algo de anormal” terá acontecido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que Bolsonaro ”já está prevendo a derrota”.

“O homem está dizendo que se não ganhar no primeiro turno com mais de 60% é que houve problema nas urnas. Ou seja, às vezes eu fico otimista porque ele já está prevendo a derrota dele. Ele já está prevendo porque eu acho que não há como que o povo não tenha precificado já a saída e a volta da democracia”, afirmou o petista, que se disse feliz com as declarações do adversário, durante encontro com setor do turismo nesta terça-feira, 20.

A fala de Bolsonaro foi dada durante uma entrevista para o SBT em Londres. “Pelas minhas andanças pelo Brasil, em especial nos últimos dois meses, se nós não ganharmos no primeiro turno, algo de anormal aconteceu dentro do TSE”, afirmou na ocasião.

O presidente repetiu a tese ao deixar o hotel em que está hospedado, em Nova York, para se dirigir à 77ª Assembleia-Geral das Nações Unidas. Ao comentar sobre sua expectativa quanto ao primeiro turno da disputa, ressaltou que o que tem sentido é que o povo está ao seu lado, mas não respondeu a uma pergunta sobre se entregaria o cargo caso perdesse nas urnas.

“Essas pesquisas não valem de nada… Se você acredita em pesquisas, não vou falar contigo”, respondeu Bolsonaro, ao jornalista da BBC, Leandro Prazeres. “Não vou falar em hipóteses. Vamos ganhar no primeiro turno”, emendou, ao ser questionado sobre a possibilidade de ter de deixar o cargo caso perca as eleições.

A fala do presidente questiona a lisura do processo eleitoral mesmo após a Justiça Eleitoral ceder à pressão das Forças Armadas e concordar em fazer um teste de integridade de urnas com participação de eleitores no dia da votação.

A pesquisa Ipec divulgada ontem, 19, mostra Lula na liderança com 47% das intenções de voto e Bolsonaro, 31%. Segundo o levantamento, o petista agora tem 52% dos votos válidos e tem possibilidade de vencer a disputa ainda no primeiro turno.

Durante o evento, Lula se queixou da rouquidão que lhe incomoda desde o início da campanha. ”Eu nem deveria falar, vocês percebem que estou rouco. Eu ainda tenho oito comícios pela frente, tenho várias entrevistas e dois debates”, afirmou o petista. No início de setembro, durante sua passagem por Belém (PA), o ex-presidente também reconheceu a necessidade de preservar a voz, que tem exigido cuidados. “Vou ser curto porque toda hora que eu levanto, a Janja fala: ‘Economiza a voz, economiza a voz’. Eu preciso parar de falar por um mês para recuperar minha voz”, declarou o candidato à época.

No encontro com o setor do turismo, Lula se comprometeu a atender a demanda da categoria na redução no preço do querosene do avião. O petista também defendeu que o setor é fonte “grande e rápida” para criação de empregos.

A reunião com representantes do turismo ocorreu em um hotel de São Paulo. O setor entregou ao candidato um documento com diretrizes e propostas a serem adotadas em um eventual novo governo. Uma das medidas defendidas pelos presentes, que foi inclusive mencionada durante o debate, é a redução no valor do querosene, que encarece as passagens de avião.

”Quando você vai comprar passagem daqui para o Rio e ela custa quase R$ 1000 não é normal. Quando paga quase R$ 3 mil para Brasília, dependendo de onde comprar, não é normal. Não é só o preço do querosene (…), se for o preço do querosene a gente vai resolver para você nunca mais falar que é o preço do querosene”, disse Lula a um dos representantes.

“Deve ter outras coisas (além de querosene), porque a passagem realmente é cara”, emendou. Ao destacar que a prioridade de um eventual novo governo é a geração de oportunidades de trabalho, o ex-presidente afirmou que o turismo é “fonte grande e rápida para a gente criar emprego, não é só construção civil”. Ele defendeu a retomada do funcionamento do Conselho do Turismo para que a sociedade participe das discussões que abrangem o segmento. “Papel do Estado é de abrir portas, facilitar e não criar problemas”, declarou o petista.

Estadão