Ministro de Bolsonaro já fala sobre governo Lula

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Foto: Kaio Lakaio/VEJA; Evaristo Sá/AFP

Um dos generais da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro da Casa Civil e presidente do PP, Ciro Nogueira, já foi aliado de primeira hora do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Conhecedor dos bastidores do Congresso como poucos em Brasília e um dos caciques do Centrão, grupo de partidos que costuma dar sustentação a qualquer governo na Câmara e no Senado, Nogueira prevê algumas dificuldades a Lula caso vença as eleições de outubro – resultado eleitoral que o ministro refuta totalmente, diga-se. Escaldado por mensalão e petrolão, o petista tem afirmado publicamente que pretende calcar as relações com os partidos no Congresso em novas bases, distantes do fisiologismo.

Para Ciro Nogueira, partidos de centro sairão fortes como sempre das urnas, o que manteria o núcleo de sua relevância política no Congresso. Para ele, a esquerda não deve sair da eleição com números expressivos. “Deve vir um Congresso muito mais reformista e à direita que o atual. Os partidos de centro devem sair fortalecidos da eleição e a esquerda não faz mais do que 150 deputados”, disse o ministro a VEJA.

Outros fatores a dificultar a relação de Lula com o Legislativo sem descambar para o “toma lá, dá cá”, na ótica do cacique do PP, são as emendas de relator, o famigerado “orçamento secreto”. Amplamente utilizado sob Jair Bolsonaro, o orçamento secreto descentralizou o controle do orçamento pelo Executivo e fortaleceram sobremaneira o poder do Legislativo em manejar recursos às bases.

Lula tem afirmado que pretende enfraquecer esse mecanismo. Para Ciro Nogueira, estas emendas reduzem o poder de barganha de um governo frente aos parlamentares. “Lula formar uma base não vai ser fácil. A maioria dos deputados, quando vão para a base do governo, é muito em troca de emendas, verbas. Como já tem as RP9 [emendas de relator] na mão do Congresso, a única coisa que sobraria seriam cargos, ministérios, não sei como a sociedade iria reagir se entregasse estatais aos partidos políticos de porteira fechada, como era no passado”, analisa o ministro.

Aliados de Lula, por outro lado, falam em novas balizas para as relações com o Congresso, sem maiores detalhes. “Tem que alterar o padrão que Bolsonaro construiu”, diz o deputado José Guimarães (PT-CE), coordenador político da campanha do ex-presidente nos estados. Em função do orçamento secreto e do enfraquecimento do presidente no manejo do orçamento, Lula tem se referido a Bolsonaro como um “bobo da corte”.

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