PF já tem disputa pela chefia nacional

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Foto: Reprodução

Uma disputa interna pelo poder na Polícia Federal deflagrou, antes mesmo do resultado da eleição presidencial, a briga pelo cargo de diretor-geral da instituição a partir de 2023. O delegado Andrei Augusto Passos Rodrigues, que atua na equipe que faz a segurança da campanha presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto, busca apoio para seu nome caso o petista vença a eleição. Do outro lado, o atual diretor-geral, Marcio de Oliveira, se movimenta para permanecer no posto se o presidente Jair Bolsonaro se reeleger.

Como mostrou o Estadão, Oliveira perdeu o controle dos delegados que prometem operações em série no período eleitoral. Nesta terça-feira, 30, o jornal O Globo revelou que, em documento, a PF acusa a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), dominada por bolsonaristas, de atrapalhar uma investigação contra Renan Bolsonaro, um dos filhos do presidente.

Na semana passada, a PF pediu busca e apreensão contra empresários que apoiam o presidente por terem trocado mensagens no WhatsApp defendendo um golpe caso ele perca a eleição para Lula. Seria só o começo.

Nesta quarta-feira, 31, a PF decidiu investigar a ex-mulher de Bolsonaro Ana Cristina Valle pela compra de uma casa em Brasília declarada por R$ 829 mil, mas que vale R$ 2,9 milhões. Ela disse inúmeras vezes que a casa era alugada, mas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmou ser própria.

Depois da operação criticada publicamente por Bolsonaro, o atual diretor-geral procurou interlocutores na polícia em busca de conselhos para se segurar no cargo. Foi orientado a dar maior exposição às operações da PF de combate ao tráfico de drogas e ao crime organizado para retomar a credibilidade que a instituição tinha na época da Lava Jato.

Em sentido oposto, o delegado Andrei Rodrigues Passos conseguiu chegar na campanha do ex-presidente Lula com o apoio da ex-presidente Dilma Rousseff e trabalha nos bastidores. Dilma e o delegado se conheceram em 2010, quando ele também atuou na segurança da candidata.

A ambição fez com que Andrei Passos passasse a ser alvo de críticas internas. O Estadão viu grupos de WhatsApp de delegados em que ele é descrito como policial que não teria preparo para a função. Na segurança da campanha de Lula, pedidos de reforço e coletes à prova de bala foram creditados na conta do delegado. Segundo o blog da jornalista Andréia Sadi, o coordenador de proteção à pessoa da PF, Thiago Ferreira, ficou incomodado com o fato de Passos não ter adotado procedimentos corretos para a requisição do material. Na época da campanha de Dilma, Passos também chegou a ser cotado para diretor-geral, mas perdeu a disputa para Leandro Daiello, o mais longevo diretor da PF.

A proximidade dos policiais que fazem a segurança da campanha com os candidatos costuma render bons frutos. Alexandre Ramagem fez a segurança do presidente Bolsonaro em 2018 e só não virou diretor-geral porque o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proibiu alegando que ele iria interferir em processos de interesse do presidente. Bolsonaro então o manteve como diretor-geral da Abin e hoje o apoia como candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro. A ação de interferência da agência na investigação contra Renan Bolsonaro se deu na gestão de Ramagem.

O delegado que atua na segurança de Lula divide a função com a chefia da Divisão de Relações Internacionais da Polícia Federal. Cabe a ele intermediar e organizar as demandas da segurança do ex-presidente, que tem hoje o nível máximo de proteção. Antes disso, Andrei foi responsável pelo planejamento e coordenação da segurança da Copa do Mundo e coordenador nacional de segurança da Olimpíada.

Ao todo, 90 profissionais foram destacados. Fazem parte da equipe ainda os delegados Rivaldo Venâncio e Alexsandro Castro, considerados experientes. O Gabinete de Segurança Institucional tem uma equipe com oito integrantes na equipe de segurança de Lula. Um dos representantes é o tenente da reserva Valmir Moraes da Silva. Procurada, a Polícia Federal não se manifestou.

Estadão