Presidenciáveis caçam doações na reta final

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Foto: Michael Dantas/ AFP (Lula) – Ed Alves/CB (Bolsonaro) – Evaristo Sá / AFP (Tebet) – Ed Alves/CB (Ciro)

Os comandos de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passaram o último fim de semana num trabalho intenso de bastidores junto ao empresariado em busca de mais recursos para inundar estes últimos dias com propaganda. É que, até aqui, ninguém conseguiu cumprir a expectativa do que esperava arrecadar junto ao segmento mais abastado da sociedade e é preciso mais recursos para tentar cumprir os planejamentos de cada um.

O petista e seus aliados jogam tudo em busca de uma vitória no primeiro turno. Bolsonaro, por sua vez, também não abandonou o sonho de vencer em 2 de outubro, embora as pesquisas indiquem que está em desvantagem.

Da parte do comitê de Lula, a ordem é deixar as “sandálias da humildade” de lado e partir para recriar o clima de Diretas Já, que levou à vitória de Tancredo Neves no colégio eleitoral, em 1985. Mas não ter ido ao debate do último sábado fragilizou esse discurso, uma vez que, conforme colocado por todos os candidatos presentes ao evento, cabe a quem defende a democracia estar sempre pronto para debater.

A ausência de Lula animou os adversários a tentar tirar votos do petista. Ciro Gomes (PDT), por exemplo, dedicará os próximos dias a torpedear a campanha do voto útil no petista. Ele tem terminado todas as sabatinas de que participa com apelos para que o eleitor lhe dê uma chance de governar o país e saia da polarização.

Tanto Ciro quanto Simone Tebet (MDB) foram apontados, ao final do debate, como os presidenciáveis de melhor performance. Os dois diferem, porém, no quesito “alvo preferencial”. Enquanto Ciro tenta tirar votos de Lula, Simone tem sido mais incisiva contra Bolsonaro, de olho naqueles que se decepcionaram com o atual presidente, mas rejeitam Lula.

O ponto alto desta semana será o debate da Rede Globo, quinta-feira, às 22h30, que terá a participação do petista. No comitê de Lula, há quem defenda que ele adote um estilo moderado, sem sequer levantar o tom de voz.

Porém, para animar a militância, que costuma ser muIto eficiente nos dias que antecedem a eleição, há dentro do PT quem diga que o presidente tem que partir para cima dos adversários e rebater os ataques à altura para mostrar energia. “Os eleitores de Lula gostam daquele tom mais aguerrido, que mobiliza mais a militância”, lembra o cientista político Rafael Favetti, que acompanhou todas as últimas eleições.

Da parte de Bolsonaro, a presença no último debate também está confirmada e ele, mais uma vez, pretende aproveitar a oportunidade para defender as obras que seu governo — como enfatizar que foi ele que elevou o Auxílio Brasil a um valor superior ao antigo Bolsa Família, criado na gestão de Lula.

A avaliação dos analistas é de que as armas de cada candidato para o primeiro turno se esgotaram e o eleitor, daqui até o próximo domingo, estará cada mais silencioso e pensativo. “Mesmo a campanha negativa, de críticas aos adversários que cada candidato faz, tem um limite”, adverte Leonardo Barreto, da Vector Consultoria. Para ele, as campanhas chegam à reta final esgotadas em matéria de estratégias.

“A impressão que se tem é de que as cartas que cada candidato tinha para colocar sobre a mesa já foram postas”, afirma.

A ideia de algumas campanhas, porém, além de expor as contradições e erros dos adversários, é mostrar capacidade de mobilização. Aliados de Bolsonaro, por exemplo, planejam uma grande motociata para o último dia de campanha de rua. Há quem diga que, a depender do número de pessoas que o presidente conseguir reunir, estará dado o lastro para reclamar das urnas em caso de um resultado muito desfavorável — ou das empresas de pesquisa, no caso de o presidente chegar na frente.

Já o risco de escalada da violência tornou-se a principal preocupação do Tribunal Superior Eleitoral, que passa esta semana em alerta máximo. Isso porque, no sábado, uma militante de esquerda foi agredida por um bolsonarista, em Angra dos Reis (RJ), e tomou uma paulada na cabeça. E ontem, na Avenida Paulista, Guilherme Boulos — que tenta a eleição a deputado federal pelo PSol — foi acusado de agredir um militante do MBL, durante uma caminhada. Uma confusão se formou, o pai do jovem acusou o candidato de agressão, que por pouco não foi preso. Quando os ânimos se acalmaram, Boulos deixou o local.

Correio Braziliense