PT usará assassinatos de petistas para sensibilizar eleitor
Foto: Andre Borges / AFP
O novo Datafolha mostrando uma ligeira redução da vantagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) de 13 para 11 pontos percentuais apressou novas prioridades da campanha petista. Faltando 22 dias para o primeiro turno, a tática de Lula passa a ter dois eixos: fazer campanha de voto útil junto aos eleitores de Ciro Gomes (PDT) para ainda tentar uma vitória no primeiro turno e impedir o crescimento de Bolsonaro no estado de São Paulo.
De acordo com a pesquisa, Lula manteve 45% das intenções de voto da sondagem de 1º de setembro, enquanto Bolsonaro oscilou de 32% para 34%.
A morte de um homem que defendia o petista por um bolsonarista em Confresa, em Mato Grosso, será usada pelo PT como exemplo do risco que pode acontecer se houver segundo turno. O argumento do PT é que Bolsonaro incentiva a violência política e que sua derrota no primeiro turno teria a capacidade de constranger uma contestação ao resultado eleitoral como ocorreu nos Estados Unidos. Este é o segundo assassinato de petistas na campanha.
De acordo com o Datafolha, Lula teria hoje 48% dos votos válidos, na margem de erro da possibilidade de vitória no primeiro turno. É o mesmo indicador de 1º setembro. A trajetória é negativa para Lula. Ele tinha 54% dos votos válidos em maio e 51% em julho.
A resiliência da candidatura Ciro é um ponto de debate na campanha Lula. Pelo Datafolha, Ciro tem 7%, dois pontos percentuais a menos do que no último levantamento. A estratégia inicial do PT era ignorar os seguidos ataques do candidato do PDT, mas nesta semana os filhos do ex-presidente Lula anunciaram que vão processar Ciro por terem sidos chamados de “ladrões”. Lula acredita que a retórica virulenta de Ciro é reprovada pelo PDT nos estados e autorizou que os candidatos a deputado pedetistas façam dobradinhas, retirando o nome de Ciro. No entanto, 54% dos eleitores do Ciro admitem mudar o voto.
De acordo com o Datafolha, Lula tem 41% na região Sudeste, contra 36% de Bolsonaro, um quadro estável. Essa vantagem já foi de 12 pontos percentuais em 16 de agosto (44% a 32%) e caiu para seis pontos (41% a 35%) em 1º de setembro.
Há no PT um temor que um eventual avanço de Bolsonaro em São Paulo possa influenciar outros estados, especialmente os do Sul. Nessa região, o Datafolha mostrou um empate técnico com o petista com 37% e o presidente 39%. Além disso, o crescimento de Bolsonaro poderia puxar consigo os seus candidatos a governador, o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), e a senador, o também ex-ministro Marcos Pontes (PL), ameaçando a chapa lulista de Fernando Haddad e Marcio França. Neste sábado, Lula, o candidato a vice Geraldo Alckmin (PSB) e o candidato a governador Fernando Haddad (PT) participam de comício em Taboão da Serra, na região metropolitana de São Paulo.
As pesquisas qualitativas do PT em São Paulo indicam que o melhor flanco para aumentar a rejeição ao presidente é intensificar a divulgação das denúncias de supostas ilegalidades nas compras de imóveis com dinheiro vivo pela família Bolsonaro, incluindo os filhos e ex-mulher. As pesquisas qualitativas tanto de Lula quanto de Bolsonaro mostram que a denúncia afetou a imagem de Bolsonaro mais do que qualquer outra desta campanha.