Soraya Thronicke se diz lavajatista

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Foto: Reprodução

Candidata à Presidência da República, a senadora Soraya Thronicke (União-MS) partiu em defesa de sua candidatura como uma opção para o eleitor que apoia a Operação Lava Jato e não quer votar no presidente Jair Bolsonaro (PL), que acabou com a operação da Polícia Federal, e nem no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cujo partido foi alvo das investigações.

“A Lava Jato fez mais bem para o país do que mal”, disse a senadora, na noite desta sexta-feira (2/9), em sabatina dos presidenciáveis da CNN Brasil. Para a senadora, que é advogada, as críticas sobre os “problemas processuais” que anularam no Supremo Tribunal Federal (STF) as condenações em segunda instância de políticos como Lula “são periféricas”. “O principal foi o feito no início. Pela primeira vez, estávamos vendo corruptos indo para a cadeia e recuperando o dinheiro”, afirmou ela, citando que o ex-presidente foi condenado “em três instâncias” e, portanto, “no mérito”. “O benefício da Lava-Jato foi o combate à corrupção”, frisou.

A senadora também não poupou críticas ao governo Bolsonaro que, ao engavetar a Lava Jato, acabou com o combate à corrupção. “Hoje, o que o governo federal exalta é a apreensão de drogas e de armas, algo que a Polícia Federal sempre fez. Mas eu quero ver o combate à corrupção”, afirmou.

A candidata ainda fez questão de afirmar que é uma alternativa nas urnas para que o PT não volte ao poder. “Eu não quero ver o PT voltar. Eu não quero ver aquilo tudo que nós nos submetemos durante tantos anos: a corrupção que foi instalada neste país. E, agora, essas pessoas estão prestes a voltar para o poder. E o brasileiro sem saber o que fazer. O brasileiro se sente sem opção”, disse.

Durante a sabatina, a senadora reconheceu que a ausência do trabalho do Legislativo tem feito o Judiciário “acaba legislando por súmulas”, criando regras que deveriam ser criadas pelos parlamentares. Ela ainda criticou a crise institucional entre o presidente e o Judiciário e não tomou partido. “As questões pessoais passaram pelas institucionais. Entramos em um campo onde ninguém tem razão”, frisou.

Soraya também criticou o presidente Bolsonaro na condução do país, principalmente nas relações internacionais, ao permitir que ministros insultem parceiros comerciais como China, igual fez o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo ou a França, no caso do ministro da Economia, Paulo Guedes. Nesse sentido, ela defendeu o comércio exterior “sem ideologia” e disse que demitiria sumariamente quem não agisse de forma diplomática.

“Eu demitiria meu ministro na hora que ele falasse mal do nosso maior parceiro comercial, que é a China. E também demitiria o ministro da Economia que falasse mal de um parceiro menor, como é o caso da França. Não pode de forma alguma agir dessa forma”, disse a senadora. “Isso coloca em risco o próprio país. É inadmissível a irresponsabilidade que a gente vem sentindo nesse entorno, infelizmente”, acrescentou.

Na avaliação da candidata, é preciso “enxergar esse tipo de atitude”. “Não dá mais para termos esse tipo de irresponsabilidade com as relações exteriores dessa forma, a ponto de prejudicar o nosso mercado”, destacou. Ela também reconheceu que o Brasil está em “uma situação muito complicada”, tanto nas relações exteriores quanto no meio ambiente, devido aos conflitos diplomáticos que afetam a imagem do país e podem atrapalhar o comércio exterior.

“Nós que estamos conversando com os embaixadores e analisando esse cenário de dentro, estamos sentindo, sim, insegurança, insatisfação e falta de respeito conosco. Isso é preocupante”, acrescentou.

A candidata, que tem 1% das intenções de voto nas pesquisas, mas se destacou ao lado da senadora Simone Tebet (MDB-MS), no primeiro debate na televisão no último domingo (28/8), não poupou críticas às declarações de Bolsonaro minimizando a pobreza e voltou a defender a “mãe de todas as reformas”, a reforma tributária, reconhecendo que está sendo conhecida pela proposta do imposto único.

De acordo com a senadora o partido dela, o União Brasil — que desistiu de apoiar candidatura do ex-juiz da Lava-Jato e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro Sergio Moro, que tinha migrado do Podemos — deu “total liberdade” para a candidatura dela. “Eu vejo meu partido empanhado na minha candidatura sim. Eu exigi total liberdade para trabalhar e toda a estrutura necessária para levar a mensagem do partido”, afirmou.

A parlamentar lembrou que o limite de gastos do fundão eleitoral destinados para as campanhas presidenciais é é de R$ 89 milhões, mas não revelou quanto a campanha dela deverá custar. “Esse é o teto para todos os partidos. Não sei se usaremos. Se não for usado, (o dinheiro) volta para o fundo”, disse ela, acrescentando que está trabalhando para “utilizar bem o dinheiro” e “abrir as portas para as mulheres”.

Correio Braziliense