Surto de Bolsonaro na Globo pode encerrar eleição
Foto: O Globo
Os principais candidatos à Presidência deverão se recolher ao longo da quinta-feira com o intuito de se preparar para o debate da TV Globo, que ocorrerá à noite. Trata-se do último confronto direto entre os presidenciáveis antes do primeiro turno, neste domingo. As preocupações e estratégias de cada políticos variam, mas para todos o programa representa uma oportunidade de falar diretamente com o eleitor e conquistar votos na reta final da campanha. Por outro lado, contudo, o mau desempenho pode ser determinante para o insucesso eleitoras dos postulantes ao Palácio do Planalto.
Os aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) consideram o próximo debate um momento deliciado. Internamente, temem que o candidato à reeleição suba excessivamente o tom dos ataques ou os mire a jornalistas, o que pode custar caro a três dias da votação. Ele tem sido aconselhado a tentar apresentar uma faceta mais equilibrada, como tentou fazer durante o debate do SBT, no último domingo. A postura contrastou com a que ele adotou durante o que foi promovido pela Band, o primeiro da campanha presidencial, quando ele atacou a jornalista Vera Magalhães.
A ordem é que o presidente enfatize a apresentação de propostas e a defesa das ações de seu governo, mas não perca chances de colar em seu principal adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o selo de corrupto. Bolsonaro tem conversado com ministros e repassado dados de sua administração. Mais uma vez, o presidente deve ter uma “dobradinha” com Padre Kelmon, candidato do PTB, que no debate do SBT fez o papel de “escada”, levantando temas favoráveis e até elogiando o atual chefe do Executivo.
Líder das pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Lula pretende iniciar a preparação já na quarta-feira, véspera do programa. A campanha petista se concentra em buscar caminhos para que o presidenciável tenha um desempenho superior ao que apresentou durante o programa da Band. Na avaliação de seus aliados, ele não reagiu com a veemência que deveria quando foi questionado sobre casos de corrupção. A maior preocupação, no entanto, é que Lula descanse para chegar com aparência disposta e, principalmente, a voz sem rouquidão na noite de quinta-feira.
Lula vai se debruçar sobre as fragilidades dos adversários e traçar linhas de atuação nos temas dos quais vai tratar. Nos últimos dias, o ex-presidente demonstrou desconforto com a alta probabilidade ser o alvo preferencial de todos os participantes. Na semana passada, já havia citado a presença de Padre Kelmon (PTB) no debate do SBT como um dos motivos para não comparecer, além da alegada incompatibilidade de agenda.
Ciro Gomes (PDT) tem no debate desta quinta-feira uma de suas últimas oportunidades para tentar um sprint final que o leve a ultrapassar a barreira dos dois dígitos na preferência dos eleitores. Ela vai se reunir em um hotel com seu núcleo duro: o marqueteiro João Santana; o presidente do PDT, Carlos Lupi; a candidata à vice-presidente, Ana Paula Matos (PDT); a mulher de Ciro, Giselle Bezerra; e o coordenador do programa do candidato, Nelson Marconi. Ali, como estratégia, eles vão dissecar as propostas à população de menor poder aquisitivo, com a implementação de uma renda uma mínima de R$ 1 mil e a exclusão dos brasileiros endividados das listas do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e do Serasa. Ciro também deve manter o tom de ataques a Lula e Bolsonaro. É Santana que vem ditando a estratégia do candidato.
Estreante nas disputas presidenciáveis, Simone Tebet (MDB) vai repetir o rito adotado nos outros debates, dos quais a emedebista se saiu bem, se lavado em consideração que ele subiu nas pesquisas após os programas. Ela vai estudar os 17 temas que serão abordados durante a atração. Aliados avaliam que ela deve mirar, prioritariamente, nas pautas relacionadas a educação e atenção à primeira infância, para os emedebistas, assuntos pouco explorados até aqui. Além disso, ela deve reiterar o compromisso com um âncora fiscal, como o teto de gastos, e a se apresentar novamente como quem pode pacificar o país, ante a polarização protagonizada por Lula e Bolsonaro.