TCU vai fiscalizar milhares de urnas para combater desinformação
Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
No próximo domingo, quando será realizado o primeiro turno das eleições, o Tribunal de Contas da União (TCU) vai dar continuidade ao seu processo de auditoria do sistema eletrônico de votação. Os auditores acompanharão o teste de integridade em 648 urnas sorteadas e também vão comparar as informações extraídas dos boletins impressos por 4.161 urnas eletrônicas sorteadas, contendo os votos que cada candidato recebeu ali, com as informações posteriormente divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Os resultados completos da auditoria do TCU deverão ser conhecidos apenas no ano que vem. Haverá ainda uma “auditoria rápida” em 540 urnas. Em cada uma das 27 capitais, dois auditores do TCU irão presencialmente a 20 seções eleitorais para capturar a imagem dos boletins de urna divulgados no local. Eles vão escolher a seção eleitoral aleatoriamente, no dia da votação.
Entenda como será o processo:
A fiscalização do TCU vai ser feita apenas no dia da eleição?
Não. Ela tem várias etapas e começou em 2021. Nas fases anteriores, o TCU concluiu que as urnas são auditáveis, confiáveis e transparentes. Em uma dessas etapas, concluiu por exemplo que a ausência de voto impresso não significa que as urnas não sejam auditáveis. Também observou que os controles de acesso ao datacenter do TSE atendem às boas práticas internacionais.
O que será feito no dia das eleições?
Os auditores do TCU vão acompanhar as ações da Justiça Eleitoral, como a emissão da zerésima, que é o documento impresso por cada urna antes do começo da votação. Ele mostra que não há voto registrado na urna eletrônica para nenhum candidato. Os auditores também vão acompanhar o teste de integridade, que simula uma votação normal para verificar se os votos depositados correspondem à contagem feita pela urna, ou seja, checa se o número digitado corresponde ao voto dado.
Depois da votação, quais dados serão coletados?
Terminada a eleição, o TCU vai coletar as informações dos boletins impressos por 4.161 urnas eletrônicas, que serão escolhidas por sorteio. O boletim de urna é um relatório em papel emitido pela urna eletrônica ao final da votação, e permite que entidades fiscalizadoras e qualquer outra pessoa possa conferir imediatamente após o encerramento da eleição o quantitativo de votos existentes em todas as urnas.
Qual o objetivo?
O objetivo do TCU será comparar os boletins impressos com as informações divulgadas posteriormente pelo TSE. Segundo o TCU, o número de boletins checados — 4.161 — garante um grau estatístico de 99% de confiabilidade.
Como serão escolhidas as urnas que terão os dados de seus boletins coletados?
Os aparelhos serão selecionados aleatoriamente em 54 seções eleitorais das 27 capitais.
O TCU já tinha feito isso em eleições anteriores?
Não. O que TCU fazia antes era acompanhar a eleição como entidade fiscalizadora, status também conferido a várias outras organizações, como os partidos políticos, o Ministério Público e as Forças Armadas.
Quando os resultados da auditoria sairão?
Segundo o TCU, uma parte será divulgada em novembro, mas o resultado final será somente no início de 2023, quando o relator, o ministro Bruno Dantas, vai levar o relatório para análise do plenário da corte de contas.
Quantos auditores do TCU vão trabalhar no dia da eleição?
Serão 111.
Haverá algum processo para auditoria rápida?
Sim. Em cada uma das 27 capitais, dois auditores do TCU irão presencialmente a 20 seções eleitorais para capturar a imagem dos boletins de urna divulgados no local. Eles vão escolher a seção eleitoral aleatoriamente, no dia da votação. Esses 540 boletins serão enviados à sede do TCU, em Brasília, onde uma equipe de auditores de plantão começará a análise a partir das 17h de domingo, quando se encerra a votação de primeiro turno em todo o país. Com isso , segundo Bruno Dantas, o trabalho de verificação poderá começar no exato momento em que a totalização dessas urnas for divulgada no site do Tribunal Superior Eleitoral. Segundo o TCU, esse resultado só será divulgado depois para que os números sejam interpretados como uma “apuração paralela”.