Aécio, Doria e Rodrigo mataram o PSDB

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Foto: Renato Velasco

No início da tarde de ontem, Tarcísio de Freitas desdenhou uma possível adesão dos tucanos em São Paulo. “Preguei mudança o tempo todo. Não faz sentido agora estar com eles no palanque”, disse. Três horas depois, Rodrigo Garcia foi bater continência a Jair Bolsonaro. Declarou apoio “incondicional” ao capitão e ao ex-ministro que o esnobou.

O PSDB reinava no Palácio dos Bandeirantes desde 1995. A derrota de Garcia e a queda do “Tucanistão” marcam o fim de uma era na política. Após encolher no plano nacional, o partido de Mário Covas, Franco Montoro e Fernando Henrique Cardoso perdeu sua última cidadela.

O declínio dos tucanos começou em 2014, quando Aécio Neves pôs as urnas em suspeição após perder para Dilma Rousseff. Depois disso, a sigla se associou a Eduardo Cunha e Michel Temer em busca de um atalho para voltar ao poder. O resultado é conhecido: Aécio se enrolou com a polícia, Geraldo Alckmin foi traído e os tucanos saíram da eleição de 2018 com menos de 5% dos votos.

O fiasco empurrou o partido para o colo de João Doria. Ele se pendurou em Bolsonaro, humilhou a velha guarda tucana e liderou uma guinada à direita, na esperança de tomar o lugar do capitão. Em vez de mastigar, o aventureiro foi mastigado. Teve que renunciar ao governo paulista e ao sonho presidencial.

Em 2022, o PSDB abriu mão de lançar candidato próprio para fazer figuração na chapa de Simone Tebet. A decisão apressou a derrocada da sigla, que só conseguiu eleger 13 deputados. O senador José Serra não teve votos para garantir uma cadeira na Câmara. Sua derrota simboliza o ocaso da geração que lutou contra a ditadura e fundou uma legenda social-democrata em 1988.

Serra é um dos cinco ex-presidentes do PSDB que ontem declararam voto em Lula contra a extrema direita. Seguiram o exemplo de Covas, que subiu no palanque do petista no segundo turno de 1989. Apesar da pressão dos cabeças brancas, a atual direção tucana optou por ficar em cima do muro.

O PSDB não morrerá por falta de aviso. Há seis meses, o ex-senador Aloysio Nunes alertou que o partido estava em estado terminal. Ao abraçar Bolsonaro, Garcia pode ter desligado os aparelhos.

O Globo