Autor da matéria sobre canibalismo de Bolsonaro retrata espanto

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Foto: Reprodução

O jornalista americano Simon Romero diz achar “surreal” que uma entrevista sua feita em 2016 com o presidente Jair Bolsonaro (PL), em que ele diz comeria carne humana, tenha virado um dos principais temas da campanha no início do segundo turno.

Ex-correspondente do jornal The New York Times no Brasil, Romero diz que foi surpreendido pela repercussão da reportagem enquanto aproveitava as férias.

“É surreal ver uma entrevista que fiz seis anos atrás ganhar nova vida. Estava de férias, fazendo trilha nas montanhas de Novo México [EUA] com um dos meus filhos, então o serviço de celular estava ruim. Voltei e tive um monte de mensagens de amigos no Brasil sobre canibalismo, a entrevista de 2016 e outros temas como maçonaria e satanismo. Foi uma surpresa”, afirmou.

Romero trabalhou para o jornal americano no Brasil entre 2011 e 2017, e atualmente cobre a região oeste dos EUA para o mesmo veículo.

Na entrevista, Bolsonaro fala sobre supostos hábitos canibais de indígenas em Rondônia e diz que aceitaria comer carne humana.

Ela viralizou em redes sociais e foi usada pela campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No sábado (8), a veiculação da peça foi vetada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) após pedido dos advogados do presidente.

Romero lembra que fez a entrevista na época com o então deputado federal para retratar movimentos de direita, que cresciam no país.

“Eu queria entender melhor a extrema-direita que estava começando a ganhar força no Brasil. Nos EUA, [Donald] Trump também estava subindo nas pesquisas, então havia bastante interesse no tema”, diz.

A conversa ocorreu no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), no Rio, que filmou toda a conversa. “Depois o vídeo apareceu nas páginas do Bolsonaro sem nenhum aviso”, afirma o jornalista.

Segundo ele, a conversa foi tensa em algumas partes, inclusive quando Bolsonaro mencionou o suposto canibalismo indígena. “Achei muito estranho o comentário sobre um suposto ritual, no mínimo algo muito difícil de confirmar. Parecia que ele estava tentando provocar uma reação”, relembra.

Folha