Bolsonaristas vendem tese do “atentado” a Tarcísio
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Após um tiroteio interromper um ato de campanha do candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) na favela de Paraisópolis, na capital paulista, bolsonaristas espalharam nas redes sociais a versão de que teria ocorrido um atentado cometido por uma facção criminosa. A narrativa contraria a investigação preliminar da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo de que a troca de tiros não está relacionada a um suposto atentando.
Um levantamento feito pela Quaest contabilizou 253 mil menções ao episódio por 67 mil usuários únicos no Facebook, Twitter e Instagram em pouco mais de 7 horas. Ainda que a oposição tenha reagido e buscado combater a versão bolsonarista, inclusive com a expressão “fakeada”, uma nuvem de palavras com o conteúdo sobre o evento mostra frases como “crime organizado” e nomes de organizações criminosas com destaque e indica que a maioria dos termos reitera a alegação falsa de que houve um atentado contra Tarcísio.
As publicações sobre Tarcísio de Freitas que mais viralizaram na segunda-feira no Facebook exploram a narrativa dos aliados do presidente, segundo levantamento feito pelo GLOBO com base em dados do CrowdTangle, plataforma de monitoramento da Meta. Dos 20 vídeos com maior volume de curtidas, comentários e compartilhamentos, apenas quatro não usam a palavra “atentado”. Nesse conjunto, a maioria reproduz declarações do próprio Tarcísio sobre o episódio em que o candidato informa que todos estavam bem e que apurava informações sobre o que havia ocorrido.
Um dos vídeos com maior número de visualizações foi publicado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Na peça, além de tratar o tiroteio como um atentado contra Tarcísio, a parlamentar ataca Lula e difunde a teoria da conspiração de que o PT tem “diálogos cabulosos” com organizações criminosas e com o tráfico de drogas no Brasil e na América Latina, enfatizando que o petista conseguiu entrar “numa boa” em uma favela do Rio durante um ato de campanha. O vídeo com ataques e desinformação teve quase 90 mil visualizações.
Outro parlamentar que usou o caso para mirar em Lula foi Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O senador também associou Lula a uma organização criminosa carioca e de forma velada abordou a fake news sobre a sigla “CPX” usada em um boné de Lula durante uma agenda no Complexo do Alemão, no Rio. Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro passaram relacionar a sigla à criminalidade. As letras, quando agrupadas, significam “complexo” e se referem ao conjunto de favelas, sendo usadas até mesmo pela Polícia Militar fluminense em suas redes sociais.