Bolsonaro abre guerra às pesquisas
Foto: Maria Isabel Oliveira
Se as pesquisas já eram alvos da artilharia de Bolsonaro e de seus aliados, a estratégia agora é aumentar o tom no segundo turno. Nesta quarta-feira, foi publicado o primeiro levantamento Ipec após ao primeiro turno. Lula segue na dianteira e aparece oito pontos percentuais à frente de Bolsonaro, com 51% das intenções de voto, contra 43%.
Desde a eleição de domingo, integrantes da campanha do presidente, como os ministros Fábio Faria (Comunicação), Ciro Nogueira (Casa Civil) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro vêm estimulando os bolonaristas a não responderem levantamentos do Ipec, Datafolha e similares. Eles gravaram e divulgaram vídeos com esse pedido. O material passou a ser espalhado em todos os grupos bolsonaristas. O próprio presidente também deu recados nesse sentido.
O objetivo da campanha é que, com isso, as pesquisas tenham mais dificuldades de captar o voto do eleitor de Bolsonaro e, assim, apresentem distorções grandes em relação ao resultado nas urnas. A estratégia visa tentar descredibilizar o trabalho de institutos conhecidos por seu profissionalismo perante à opinião pública.
Em paralelo, aliados do governo dentro e fora do Congresso seguirão defendendo a instauração de uma CPI sobre o tema, mesmo que esta não tenha chances de vingar durante uma eleição. Na terça-feira, o ministro da Justiça, Anderson Torres, pediu à Polícia Federal que investigue os institutos. Como informou O GLOBO, a solicitação teve como origem um ofício feito pela campanha de Bolsonaro.
Integrantes da equipe de Bolsonaro dobraram a aposta porque avaliam que a diferença de cinco pontos percentuais entre Lula e o presidente registrada no primeiro turno teria dado argumento para questionamentos sobre os levantamentos, em especial o Ipec e Datafolha.
Na véspera da eleição, o Ipec apontava que Lula tinha 51% das intenções de voto, contra 37% de Bolsonaro. O Datafolha dava 50% das intenções de voto para o petista, ante 36% para o presidente. O resultado do primeiro turno foi Lula com 48,43% e Bolsonaro com 43,20%.
Pesquisadores dos institutos justificam a diferença alegando que houve um movimento forte de voto útil em Bolsonaro no último momento. Também destacam a postura de eleitores do presidente de não responderem aos institutos. Os números referentes às intenções de voto em Lula, que sempre adotou uma postura de respeitar e dar credibilidade às pesquisas, oscilou dentro da margem de erro.