Bolsonaro faz campanha com aviões da Presidência
Foto: Reprodução
A campanha de Jair Bolsonaro e a Presidência da República seguem fazendo mistério sobre os voos feitos pelo presidente a bordo de aviões da Força Aérea Brasileira para cumprir agendas de campanha.
Ainda no primeiro turno, a coluna havia solicitado informações sobre as viagens, mas não houve resposta. Nas últimas semanas, os pedidos foram reiterados, mas tanto o comitê reeleitoral de Bolsonaro quanto o Palácio do Planalto se negaram a fornecer dados como o número de voos feitos pelo presidente e o valor que o PL, partido dele, terá de ressarcir aos cofres públicos.
Por estar no cargo de presidente, Bolsonaro tem direito a utilizar aeronaves da FAB em viagens de campanha, mas os valores despendidos com esses deslocamentos – incluídos aí combustível, custos com pessoal e outras despesas de operação – devem ser recolhidos aos cofres públicos pelo partido.
As tentativas de obtenção das informações esbarraram em um verdadeiro jogo de empurra. Procurada, a FAB jogou a responsabilidade para a Presidência. Dentro do próprio Planalto, um setor repassou a incumbência para outro e, no fim, ninguém respondeu.
Primeiro, o Gabinete de Segurança Institucional, o GSI, afirmou que os dados deveriam ser requisitados à Secretaria de Controle Interno. A secretaria, por sua vez, devolveu a tarefa para o GSI, que finalmente disse que não forneceria as informações. A campanha de Bolsonaro também voltou a dizer na semana passada que não responderia.
Até agora, a prestação de contas da campanha de Bolsonaro à Justiça Eleitoral não inclui os ressarcimentos.
Um levantamento feito pela coluna aponta que, desde o início oficial da campanha, em 5 de agosto, o presidente já utilizou aeronaves da FAB pelo menos 62 vezes em viagens que incluíram compromissos de campanha. As aeronaves percorreram distâncias que somam mais de 50 mil quilômetros.
Parte dos deslocamentos tem sido feita em jatinhos menores, na tentativa de reduzir o custo dos voos – normalmente, em viagens oficiais, o presidente costumar usar o Airbus presidencial, cuja operação é uma das mais caras da FAB.
Ainda no primeiro turno, o PDT, partido do então presidenciável Ciro Gomes, chegou a ingressar com uma ação no TSE pedindo que fossem divulgadas imediatamente quais aeronaves foram usadas pela campanha de Bolsonaro, o número de voos, os trajetos, os custos e as listas de passageiros. O ministro Raul Araújo negou a liminar solicitada pelos advogados do partido.