Bolsonaro não quer manifestações país afora
Foto: Edilson Dantas / O Globo
Numa mudança de estrategia, o presidente Jair Bolsonaro barrou uma ação que era planejada pela sua campanha para promover manifestações coordenadas em diversos locais do país no próximo sábado, dia 22. A ideia de integrantes de sua equipe era aproveitar a data — que coincide com o número do presidente nas urnas – para uma nova demonstração de força, a exemplo dos atos de 7 de Setembro.
A uma semana da votação em segundo turno, contudo, o candidato à reeleição quer força total de aliados em busca de eleitores fora da sua base consolidada. Após promover uma série de eventos no primeiro turno voltados para a própria militância, Bolsonaro agora avalia que essas mobilizações, embora empolgue os apoiadores, não têm potencial para buscar os votos que precisa e estão fora de sua bolha.
Para se reeleger, o presidente tem de tirar a diferença de 6,1 milhão de votos a mais que Lula teve na primeira fase da disputa em 2 de outubro. Para isso, a estratégia mira em atrair indecisos, convencer eleitores a não deixar de comparecer às urnas e até mesmo investir para tentar reverter alguns votos de Lula.
A organização de atos simultâneos em diversos estados também teria um custo financeiro alto no momento em que a campanha planeja aumentar o investimento nas redes sociais, visto como mais efetivo. Vídeos do presidente pedindo o empenho para conquistar votos e impulsionamento de publicações nos perfis pessoais do presidente são algumas das apostas para aumentar o alcance.
Inicialmente, uma das ideias cogitadas era promover até mesmo uma grande manifestação na Avenida Paulista no sábado. Bolsonaro estará em São Paulo, mas a previsão agora é um comício na região do ABC, reduto ligado a Lula. Também estão previstos um encontro com pastores, entrevista a um podcast com inflluenciadores e a ida ao jogo do Palmeiras contra o Avaí, no Allianz Parque.
Menos motociatas e mais reuniões
Desde o início do segundo turno, Bolsonaro mudou a estratégia. Abandonou as motociatas e marchas para Jesus e passou a priorizar eventos com pequenos grupos com os quais pode fazer a defesa do governo e apresentar propostas. Nesta quarta-feira, por exemplo, o presidente recebe prefeitos no Palácio da Alvorada.
O presidente também já se encontrou com governadores, deputados, senadores, empresários, cantores sertanejos, influenciadores, católicos e evangélicos. Em outra frente, a primeira-dama Michelle Bolsonaro também tem rodado o país em encontro com mulheres. Ex-ministros e aliados também estão encarregados de representar o presidente no Nordeste.
No primeiro turno, apesar dos apelos para falar para além de sua militância, Bolsonaro seguiu apostando na combinação da Marcha Para Jesus, voltada para evangélicos, e passeio de moto com apoiadores, batizados de “motociatas”, eventos dos quais participou em boa parte do seu mandato. Ao longo de 2022, foram 38 motociatas, sendo 15 durante a campanha eleitoral — uma média de uma a cada três dias. Neste segundo turno, Bolsonaro não fez nenhum passeio de moto.