Campanha de Lula tenta afastar prefeitos de Zema

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Foto: Reprodução/GloboNews

A campanha de Lula desenhou uma estratégia em busca de neutralizar a atuação do governador reeleito Romeu Zema (Novo) como principal cabo eleitoral de Bolsonaro em Minas Gerais. O estado é o segundo maior colégio eleitoral do Brasil e tem a tradição de reproduzir o resultado nacional, como ocorreu no primeiro turno.

Nos últimos dias, acendeu um alerta no QG petista depois que pesquisas internas apontaram uma tendência de diminuição da distância de votos entre Lula, que liderada em Minas, e Bolsonaro.

O plano que está sendo colocado em prática tem duas frentes que miram os prefeitos do estado. A primeira delas é destacar, em todas as conversas de articulação política, que Lula teve mais votos em 630 municípios mineiros, demonstrando que a maior parte da população dessas cidades já fez sua escolha e que é difícil mudá-la numa eleição tão polarizada.

A segunda ação é tentar reavivar entre os prefeitos episódios de desgaste com Zema no seu governo. Em 2019, por exemplo, Zema chegou a usar a Polícia Militar para impedir a entrada de diversos prefeitos no Palácio Tiradentes, local onde despacham em Belo Horizonte.

Alçado a coordenador da campanha governista ao Planalto, Zema chegou a comemorar a suposta presença de 687 dos 853 gestores municipais mineiros, na última sexta-feira, após convocação oficial da Associação Mineira de Municípios (AMM). Transformado em ato de campanha de Bolsonaro, o convite apontava incialmente. para uma agenda apartidária para apresentar demandas dos municípios.

Apesar de a entidade e do governador destacarem a forte presença de prefeitos, o QG de Lula acredita que muitos prefeitos que buscarão a reeleição em 2024 não farão uma campanha contra a maioria da população das cidades que já deram a vitória ao petista. Ainda há avaliação de que, mesmo em municípios menores, onde a capacidade de influência dos prefeitos é maior, a transferência direta de votos jamais aconteceu na eleição presidencial em Minas desde que os dois turnos foram adotados.

A influência restrita dos prefeitos junto ao eleitor foi sentida pelo próprio Zema em sua campanha de 2018. Na ocasião, o então candidato ao governo de Minas pelo PSDB, o ex-senador Antônio Anastasia, chegou a oficializar o apoio de 650 prefeitos. Mesmo assim, Anastasia acabou derrotado pelo candidato do Novo.

Insatisfeito com o apoio dos prefeitos a Anastasia, após a eleição, no ano seguinte, Zema chegou a montar uma barreira com a polícia mineira para impedir que centenas de prefeitos que foram à Cidade Administrativa para tentar falar com o governador, tivessem acesso ao Palácio Tiradentes. À época, a mesma AMM que hoje apoia Bolsonaro convocou os prefeitos para uma reunião no gabinete de Zema, com objetivo de tratar de repasses de ICMS e IPVA devidos aos municípios. Na ocasião, só os líderes da entidade foram recebidos após protestos.

Com pouco diálogo com os prefeitos e falta de uma base de apoio no Legislativo mineiro, Zema acabou pagando a dívida de R$ 7 bilhões com os municípios só neste ano. A quitação do montante foi resultado de acordo firmado com a AMM em abril de 2019.

Em paralelo, a campanha petista seguirá apostando em cabos eleitorais que acenam para o eleitor de centro, para crescer no Estado. A peça-chave nisso é a senadora Simone Tebet (MDB), que angariou 500 mil votos dos mineiros. Na sexta-feira, ela fará sua primeira agenda pública com Lula nas cidades de Teófilo Otoni e Governador Valadares. Outro nome que vem se destacando como articulador da campanha no estado é o do senador Alexandre Silveira (PSD), que ficou em segundo lugar ao tentar se reeleger, com 35,75% dos votos, quase 3,5 milhões de pessoas.

O Globo