Bolsonaro tenta desmentir dados oficiais sobre desmatamento

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Foto: Douglas Magno/AFP

O pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL), no debate da Band, para os espectadores “darem um Google” para comparar dados de desmatamento da Amazônia gerou nas redes sociais uma espécie de “batalha de gráficos”. Políticos, influenciadores e demais usuários do Twitter, sejam eles apoiadores do presidente ou do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), passaram a divulgar prints com os resultados de suas pesquisas e a exibir séries históricas sobre o tema, além de interpretações antagônicas dos dados.

De um lado, aliados de Bolsonaro enfatizaram a leitura de que a média anual de desflorestamento era maior no governo Lula, enquanto apoiadores do petista, pesquisadores e ambientalistas destacaram que houve redução do desmatamento na gestão do petista, ao contrário do observado no governo Bolsonaro.

A discussão foi tanta que o debate deste domingo foi o primeiro em que a questão ambiental chegou à lista dos cinco temas mais comentados do Twitter, segundo informações da própria plataforma divulgadas nesta segunda-feira. O tema só ficou atrás de corrupção, educação e economia.

 

 

Mas afinal, qual a forma correta de interpretar os dados? O governo Lula de fato teve maior média anual de desflorestamento em seu governo, mas pegou o indicador em alta e o entregou na mínima histórica, em 2010, como mostrou O GLOBO. Bolsonaro, por outro lado, recebeu o indicador em um patamar menor e, nos três primeiros anos de seu governo, houve disparada.

A média anual de desmatamento do governo Lula em seus dois mandatos foi de 15,7 km², contra 11,3 mil km² de média nos três primeiros anos da gestão de Jair Bolsonaro. Lula, porém, reduziu o desmatamento em 61%, enquanto Bolsonaro o aumentou em 73%.

O desmatamento da Amazônia também foi recorde nos seis primeiros meses de 2022, segundo o Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), que usa como base dados do sistema Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real), do Inpe. O acumulado de janeiro a junho, 3.988 km², é o maior da série histórica iniciada em 2016 e 80% maior que a média de área desmatada no mesmo período em 2018, último ano da gestão de Michel Temer (MDB).

“Não tem como ter duvida. Os números são absolutamente claros: Lula promoveu uma revolução no enfrentamento do desmatamento e Bolsonaro provocou o maior retrocesso no combate ao desmatamento desde que começou a ser monitorado em 1988”, destacou em uma postagem no Twitter o coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo, que atuou na criação do Fundo Amazônia.

O Observatório do Clima, rede de 37 entidades da sociedade civil brasileira voltada para discutir as mudanças climáticas, foi ao Twitter desmentir a declaração de Bolsonaro: “Jair Bolsonaro MENTE sobre desmatamento no governo Lula. O PT pegou o desmatamento em 25 mil km2 e reduziu a 4.500 km2. Bolsonaro pegou com 7.500 km2 e levou a 13.000 km2”.

Uma das publicações com maior engajamento sobre o tema foi a do ex-presidente do Inpe Ricardo Galvão, demitido em 2019 por Bolsonaro após o instituto divulgar dados que mostravam o aumento do desmatamento. “Bolsonaro falando sobre desmatamento é o ápice do cinismo. Ele me exonerou pois não gostou que os dados do Inpe estavam apontando aumento do desmatamento!”, escreveu Galvão. O tuíte já teve mas de 95 mil curtidas.

O Globo