Carta de Lula a evangélicos preocupa Bolsonaro
Foto: Ricardo Stuckert
Bolsonaro pode até ter minimizado a carta de Lula aos evangélicos, mas o documento foi recebido com preocupação na campanha do presidente. A principal crítica no QG bolsonarista foi a de que, há semanas, a carta vinha sendo alardeada e que nenhuma reação imediata foi preparada na campanha para rebatê-la.
Após o lançamento da carta, nesta quarta-feira, a equipe de Bolsonaro tratou de preparar um contra-ataque religioso. Em resposta, seus integrantes decidiram intensificar a articulação com lideranças evangélicas para que destaquem junto às suas bases que Bolsonaro seria o candidato que “incorpora as pautas conservadoras do segmento”. A meta é tentar neutralizar efeitos que o posicionamento de Lula possa ter nesta parcela da população, que apoia majoritariamente Bolsonaro.
Assim que a carta se tornou pública, membros do QG de Bolsonaro defenderam que o presidente precisava fazer uma manifestação rápida e crítica ao documento. Na coletiva de imprensa que durou cerca de cinco minutos, o presidente questionou quais igrejas apoiaram o documento e se elas tinham “densidade”.
A pesquisa Datafolha de ontem mostrou que a intenção de voto no presidente cresceu de 62% para 66% nos últimos cinco dias neste grupo. Já Lula, caiu de 31% pra 28%. No cenário nacional, Lula segue quatro pontos à frente de Bolsonaro. Por isso, a equipe do presidente considera que não pode haver perdas em nenhum segmento, especialmente o evangélico.
No PT, a avaliação é que o gesto veio tarde, já que há mais de um ano Lula é pressionado a fazer um aceno explícito ao segmento religioso. A expectativa é que mesmo assim a carta ajude a segurar o evangélico que está com o ex-presidente. Na carta, Lula reafirma seu compromisso com a liberdade de culto e de religião no país.