E a guerra religiosa se instala no Brasil

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Foto: Reprodução

O pior que poderia acontecer, ou um dos diversos piores que poderiam acontecer neste momento histórico pelo qual passamos, a instalação de um conflito político-religioso no país se encaixa nessa categoria.
Lideranças católicas de peso denunciam profanação de templos e apropriação de eventos católicos pelo bolsonarismo, com vistas a politizar e controlar as opiniões políticas dos rebanhos religiosos, sejam quais forem.

Após ataques de bolsonaristas à Igreja Católica, Padre Zezinho, , da Congregação do Sagrado Coração de Jesus, faz desabafo e se retira das redes sociais. Após a celebração de Nossa Senhora da Aparecida, Padre Zezinhofoi às redes para denunciar ataques por parte de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) a ele, ao Papa Francisco e à Igreja Católica.

Confira, a seguir, a matéria

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Após a celebração de Nossa Senhora da Aparecida, Padre Zezinho, da Congregação do Sagrado Coração de Jesus, foi às redes para denunciar ataques por parte de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) a ele, ao Papa Francisco e à Igreja Católica. Em desabafo publicado no Facebook, o religioso de Minas Gerais disse estar cansado de dar espaço para os fiéis “super politizados, irados e insatisfeitos” e que, por isso, ficará sem se manifestar no ambiente virtual até o dia seguinte ao segundo turno, que será disputado pelo atual chefe do Executivo e pelo ex-presidente Lula (PT).

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O relato foi publicado logo após a visita de Bolsonaro a Aparecida, em São Paulo, nesta quarta-feira, onde bolsonaristas fizeram atos políticos durante a festividade religiosa e chegaram a atacar repórteres da TV Aparecida e da TV Vanguarda. Padre Zezinho é reconhecido por seu papel na Igreja Católica e considerado precursor da linha de padres cantores como Marcelo Rossi e Fábio de Melo.

O padre afirmou que quem busca o diálogo é visto por grupos radicais como “inútil, comunista ou ultrapassado”. De acordo com ele, essas pessoas “só conhecem as passagens políticas que ajudem o seu partido . Padre bom é o que vota como eles”.

Em seguida, o religioso cita as epístolas ( cartas) de São Paulo a Timóteo sobre os cristãos de Tessalônica, cidade localizada na Grécia: “Não querem cataquese, nem o Vaticano II, nem os documentos da CNBB, nem nenhuma orientação social e espiritual”.

“Meus 81 anos, meus 56 anos de padre, meus 102 livros, minha cultura religiosa, minhas mais de 2 mil canções nada dizem para eles. Insistem que não lhes sirvo mais como padre e pregador para eles” e acrescentou: “Acharam candidatos mais católicos do que Papas e bispos , cujos documentos nunca leram . A Bíblia nada lhes diz . Só conhecem as passagens políticas que ajudem o seu partido. Padre bom é o que vota como eles”, continuou o desabafo.

Por fim, o líder religioso disse que o desejo atual é por um Brasil direitista ou esquerdista e não cristão. “Está claro que não aceitam nenhuma pregação moderada que propõe diálogo político, social e ecumênico”, concluiu.

Padre Zezinho tem 94 livros escritos, 117 discos e 1.700 canções gravadas. Entre as mais conhecidas estão: Um Certo Galileu, Maria de Nazaré, Amar Como Jesus Amou, Oração pela Família, És Água Viva e Maria da Minha Infância.

No Twitter, internautas lamentaram o relato do Padre Zezinho e prestaram solidariedade. O professor Pedro Ronchi aproveitou o momento para fazer uma crítica a postura os apoiadores do presidente: “Os católicos de bem estão sabendo que os católicos bolsonaristas xingaram e atacaram tanto o Padre Zezinho que ele precisou fechar a rede social?”, escreveu.

 

O Globo