Em Nova Iorque, adeus a Bolsonaro em 7 línguas

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Foto: Reprodução

Bye. Adiós. Adeus. Uma projeção de 76 metros de altura no centro de Manhattan, em Nova York, estampou na madrugada desta quinta-feira (27) imagens do presidente Jair Bolsonaro (PL) intercaladas pela palavra “adeus” em sete línguas diferentes.

A intervenção urbana, realizada a três dias do segundo turno da eleição brasileira, é obra de ativistas brasileiros e americanos que preferem se manter anônimos por receio de retaliações e de riscos à integridade física de integrantes do grupo. As imagens foram projetadas na empena cega do hotel Hilton.

Além dos “adeus” a Bolsonaro, as projeções fizeram outras críticas ao presidente e a seus filhos políticos. Uma delas mostra fotos de Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro ao lado da expressão “crime family” —família criminosa, em tradução livre.

Os três são alvos de suspeitas que incluem desvio de recursos públicos, contratação de funcionários fantasmas, compra de imóveis com pagamento em dinheiro vivo e envolvimento na organização de manifestações antidemocráticas. Eles negam irregularidades.

Ainda foi usada uma imagem do ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos que mataram a vereadora carioca Marielle Franco em 2018, morador do mesmo condomínio em que Bolsonaro tem casa na Barra da Tijuca.

O ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega, acusado de chefiar um grupo de matadores de aluguel pertencentes a uma milícia de Rio das Pedras, no Rio, também aparece entre as imagens, em uma montagem que diz: “Dinheiro vivo, gente morta”.

Nóbrega teve uma irmã e a ex-mulher empregadas como funcionárias do gabinete de Flávio Bolsonaro quando deputado estadual, apontado como reduto de funcionários fantasmas. Ele também foi homenageado pelo filho do atual presidente. Foragido, Nóbrega foi morto durante um cerco à casa em que se escondia, na Bahia, em fevereiro de 2020.

A expressão “dinheiro vivo” ainda faz referência a reportagem do UOL que apontou o uso de recursos em espécie por Bolsonaro e seus familiares na compra de imóveis. O presidente nega irregularidades e disse, dias depois da publicação do texto, não ver problemas na prática, apontada por especialistas como meio para lavagem de dinheiro.

Em nota, os ativistas responsáveis pela projeção em Nova York informam que, às vésperas das eleições, querem chamar a atenção do mundo e dos brasileiros para as alegadas relações da família Bolsonaro com as milícias fluminenses, nas figuras de Lessa e Nóbrega.

Para o grupo, o mundo já reconhece Bolsonaro “por sua desastrosa condução da pandemia, por seu ‘laissez-faire’ em relação a crimes ambientais e por suas posições antidemocráticas, mas pouco se sabe ainda sobre sua proximidade com o crime organizado”.

Intervenções semelhantes com críticas ao presidente já haviam sido feitas em Nova York quando o político viajou à cidade para participar da Assembleia-Geral da ONU, no mês passado e em setembro de 2021.

Folha