Fenômenos nas redes, Janones e Nikolas se enfrentam

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Karoline Barreto/CMBH

Na estratégia de espalhar mentiras e desinformações das redes sociais, as campanhas de Jair Bolsonaro (PL) e de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não se furtam em escalar seus mais fieis cães de guerra. Trabalhando pela reeleição do presidente da República, o vereador de Belo Horizonte e recém-eleito deputado federal Nikolas Ferreira (PL) tornou-se o principal expoente da “lacração” bolsonarista. No contra-ataque, o deputado federal reeleito André Janones é o maior porta-voz de Lula e não poupa esforços para fustigar o adversário com provocações e ironias.

Nikolas e Janones empenham em favor dos seus candidatos o maior patrimônio que têm: a maiúscula votação que obtiveram no primeiro turno das eleições. Enquanto o vereador que pulou da Câmara Municipal de Belo Horizonte para a Câmara dos Deputados, em Brasília, com nada menos que aproximadamente 1,5 milhão de votos — o que fez dele o campeão das urnas não apenas em Minas Gerais, mas no Brasil —, o deputado reeleito conquistou o segundo mandato ao obter quase 240 mil votos.

O método de ambos tem um objetivo: desgastar Lula e Bolsonaro e aumentar a rejeição de ambos junto ao eleitorado. O estilo deles nas redes sociais também é diferente — em comum, apenas a agressividade dos golpes abaixo da linha da cintura. Nikolas segue a cartilha bolsonarista: discurso de viés conservador político-religioso emuldurado por muita desinformação. Entre as várias publicações — em forma de vídeo ou de textos —, o deputado recém-eleito sugere que Lula quer instaurar uma “ditadura comunista no Brasil”, fechará igrejas e perseguirá padres e pastores e está associado ao uso de drogas e a crimes. Contra tudo isso, Nikolas propõe que Bolsonaro é o defensor dos valores cristãos e da família tradicional.

Janones, por sua vez, passou a ter papel central na campanha digital do presidenciável petista ao rebater o discurso bolsonarista com as mesmas armas — muita distorção e mentira, além de um seguro manejo das redes sociais. Recentemente, o deputado publicou um vídeo editado em que sugere que o presidente daria um ministério ao senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL).

Ele também chamou a atenção nas últimas horas ao tuitar que Bolsonaro o teria processado por chamá-lo de “miliciano”. “No meu post, eu não cito nenhum nome. Apenas falo sobre a ligação de um miliciano com o assassinato de uma vereadora no Rio. Não entendi porque ele se sentiu ofendido”, provocou Janones.

A guerra entre os apoiadores de Lula e Bolsonaro não se resumiu aos presidenciáveis que apoiam, e passaram a se atacar com violência. Ontem, o motivo da troca de ataques foi o pastor André Valadão, da Igreja da Lagoinha, da qual Janones também faz parte. Há dois dias, a liderança evangélica e o deputado vêm discutindo nas redes sociais. Apoiador de Bolsonaro, o religioso criticou o que considera “ideais de esquerda” e exortou seus seguidores nas redes sociais que não votem em governos que “apoiam o comunismo”.

Ao ver a discussão, Nikolas interveio em favor do pastor e disse que Janones nunca foi batizado na Lagoinha.Em resposta, Janones publicou o vídeo de sua conversão, em 2016, pelas mãos do pastor Márcio Valadão, pai de André.

“Agora aguardo o vídeo do miliciano (menção a Nikolas) se batizando de mentirinha pelas mãos do bandido ladrão do Pastor Everaldo!”, fustigou Janones no Twitter. O deputado também pediu de forma “simbólica” a retirada de André Valadão da igreja Lagoinha.

Após a dobradinha no Twitter, Valadão e Nikolas estiveram juntos em Brasília. O encontro foi publicado nas redes do pastor e compartilhado pelo deputado eleito, que provocou Janones. “Vai ter gente cuspindo leite condensado depois dessa”, provocou.

Os embates entre Janones e Nikolas não ficam só nas redes sociais. Nos bastidores do primeiro debate presidencial, na Band, em 28 de agosto, os dois trocaram insultos que envolveram outros aliados de Bolsonaro — como Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente e deputado federal eleito por São Paulo.

Correio Braziliense