Institutos de pesquisa reagem a ameaças bolsonaristas
Foto: Roberto Moreyra
O Centro de Estudos de Opinião Pública (Cesop) da Unicamp e a Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel) divulgaram nota conjunta na tarde desta quinta-feira na qual manifestam “muita preocupação” com as “recentes tentativas de intimidação e criminalização dos institutos de pesquisa por parte de atores políticos e institucionais”.
O texto cita a “disposição” do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de promover uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e a solicitação à Polícia Federal, por parte do ministro da Justiça, Anderson Torres, de abertura de um inquérito para investigar empresas de pesquisa.
Segundo a nota, as pesquisas de opinião no Brasil são feitas “de maneira científica há décadas em demoracias no mundo todo” e representam instrumentos “fundamentais para o conhecimento da sociedade, para a formulação de políticas públicas para a informação dos cidadãos”.
É incorreto, diz a nota, entender que os resultados dos levantamentos significam prognósticos do que acontecerá nas urnas. O Cesop e a Abrapel afirmam ainda que a atividade é regulada no país e segue “padrões de conduta internacinalmente reconhecidos e aplicados pela própria indústria”.
“O regime democrático demanda a livre circulação de ideias e de informação e as pesquisas de opinião são fundamentais para o pleno exercício da cidadania”, conclui o texto assinado.
Leia a íntegra da nota:
Nota de posicionamento
Diante da iniciativa do ministro da Justiça, Anderson Torres, de solicitar à Polícia Federal abertura de inquérito para apurar eventuais irregularidades realizadas pelos institutos de pesquisa de opinião e da disposição do presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira, em promover a realização de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com o mesmo fim, a Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel) e o Centro de Estudos de Opinião Pública (Cesop) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) vêm a público se manifestar:
Pesquisas de opinião são realizadas de maneira científica há décadas em democracias no mundo todo. São instrumentos fundamentais para o conhecimento da sociedade, para a formulação de políticas públicas e para a informação dos cidadãos.
Pesquisas de opinião apontam tendências e percepções e, no caso de eleições, de maneira alguma pretendem produzir prognósticos. Para além disso, fazem parte do rol de instrumentos à disposição dos cidadãos para que tomem suas decisões livremente, elemento fundamental do regime democrático.
As pesquisas eleitorais contam atualmente com regulamentação da justiça e com padrões de conduta internacionalmente reconhecidos e aplicados pela própria indústria. Diante disso, é com muita preocupação que a Abrapel e o Cesop/Unicamp veem as recentes tentativas de intimidação e criminalização dos institutos de pesquisa por parte de atores políticos e institucionais.
O regime democrático demanda a livre circulação de ideias e de informação e as pesquisas de opinião são fundamentais para o pleno exercício da cidadania.
Brasília, Campinas, 06 de outubro de 2022.
Associação Brasileira dos Pesquisadores Eleitorais (Abrapel)
Centro de Estudos de Opinião Pública (Cesop) da Unicamp