Janja influi cada vez mais na campanha de Lula

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Foto: Ricardo Stuckert

Com atuação política no PT desde a década de 1980, a socióloga Rosângela Silva, a Janja, intensificou no segundo turno seu papel de articuladora da campanha do marido, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A mulher do petista tem aumentado seu protagonismo nos bastidores, ganhando espaço no núcleo duro da coordenação, participando de decisões políticas e organizando eventos. Além disso, Janja tem sido o principal canal da equipe com a classe artística, formadores de opinião e influenciadores digitais.

Partiu dela, por exemplo, a iniciativa de articular uma agenda de Lula em comunidades carentes do Rio Janeiro — cidade onde morou entre 2012 e 2016 —, ao conversar com lideranças comunitárias do Complexo do Alemão logo no dia seguinte ao primeiro turno. O presidente Jair Bolsonaro (PL) venceu no estado com 51% dos votos, contra 40% do ex-presidente.

Coube à socióloga também definir quem estaria em um encontro fechado de Lula com moradores de 50 comunidades do Rio e da Baixada Fluminense. No evento aberto ao público, palpitou sobre quem iria subir no trio elétrico de onde o marido discursou.

Janja também tem liderado ações nas redes sociais, como já vinha fazendo no primeiro turno, e usado-as para manifestar opiniões sobre temas relacionados às mulheres. No Dia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher, em 10 de outubro, escreveu: “Nos últimos quatro anos, foram inúmeros os desmontes que afetaram diversos setores e ampliaram as desigualdades no nosso país. E as mulheres são sempre as primeiras a sentir os efeitos desta desigualdade”. Desconhecida até pouco antes da campanha eleitoral, ela reúne quase 340 mil seguidores no Twitter atualmente.

Diante do papel relevante que ganhou na campanha, aliados de Lula defendem a participação dela em agendas solo para atrair o público feminino, numa estratégia semelhante à adotada pela campanha de Jair Bolsonaro (PL) com a primeira-dama Michelle Bolsonaro. Petistas veem na socióloga boa habilidade de diálogo e carisma com jovens e mulheres e devem sugerir, em reunião esta semana, que sua imagem seja explorada em agendas sem Lula.

Pessoas próximas ao casal, porém, afirmam que Janja costuma resistir a sair de perto do marido, o que limitaria o voo solo. Ela tem acompanhado Lula em todos os compromissos, cuidando pessoalmente da alimentação dele e sempre com uma garrafinha d’água na mão para lhe oferecer. As falhas na voz do ex-presidente chamam a atenção, e cabe a Janja impor limites às agendas do marido, para não sobrecarregá-lo.

Neste segundo turno, a petista já cumpriu dois compromissos sem Lula. No último fim de semana, esteve no Círio de Nazaré, em Belém, onde disse ter ido para cumprir promessas. Na quarta-feira, enquanto Lula participava de evento de campanha em Salvador, dedicou algumas horas a uma visita ao Hospital Pediátrico Martagão Gesteira, na capital baiana.

Uma das estratégias da campanha petista no segundo turno, a ampliação do leque de apoios de Lula também se tornou foco da socióloga. Nos últimos dias, ela publicou fotos ao lado de Simone Tebet (MDB) e da senadora Katia Abreu (PP-TO). “O apoio de Simone Tebet representa a união em torno de uma causa: o amor ao Brasil, a democracia, e também, a voz das mulheres na política”, escreveu no Twitter.

 

Em comício em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, na última terça, Janja chamou Daniela do Waguinho, deputada federal mais votada do Rio de Janeiro e mulher de Waguinho, prefeito da cidade, para cantar o jingle da campanha ao lado dela. Em um ato com foco em evangélicos, usou o microfone para prestigiar a parlamentar recém-eleita:

— Queria dizer para a Dani: sinta-se abraçada. A rede de ódio é muito forte contra nós, mulheres; queria te deixar um abraço muito carinhoso. Do outro lado só tem ódio, mas aqui só tem amor para você, Dani. Vamos juntas reconstruir o Brasil.

O Globo