Lula acusará Bolsonaro por profanação da igreja de Aparecida

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Foto: Miguel Schincariol/AFP

A arruaça dos bolsonaristas nos festejos de Nossa Senhora Aparecida na quarta-feira 12 será um dos temas do primeiro debate presidencial no domingo, transmitido pelas TVs Band e Cultura. Bêbados, os bolsonaristas do lado do lado de fora da Basílica de Aparecida, no interior de São Paulo, hostilizaram um jovem que vestia camisa vermelha e ameaçaram uma equipe de jornalistas, da TV Vanguarda e da TV Aparecida, que tiveram de se refugiar na igreja. Uma missa foi interrompida quando seguidores do presidente puxaram palavras de ordem e o coro de “mito”. Durante a homilia da missa principal, os bolsonaristas vaiaram o arcebispo da Arquidiocese, dom Orlando Brandes, por falar sobre a fome no país. Nunca houve incidentes deste porte nos festejos anteriores.

O presidente não se desculpou pelos comportamento de seus militantes. Na única postagem real sobre sua visita à cidade, ele exibiu imagens dele sendo aplaudidos pelos fiéis. Na terça-feira 11, um dia antes da visita de Bolsonaro, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), lamentou em nota a participação do presidente na celebração “como caminho para angariar votos no segundo turno” e que “momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos”. Lula deve responsabilizar Bolsonaro pelas agressões em Aparecida.

O debate de domingo é o primeiro entre Lula e Bolsonaro no segundo turno. Não espere uma discussão de propostas. Ao longo das últimas semanas, Bolsonaro chamou o adversário de “pinguço e ladrão”, enquanto foi chamado de “genocida”.

As imagens dos baderneiros bolsonaristas em Aparecida acirram uma divisão religiosa na campanha. Primeiro candidato apoiado pelas lideranças de todas as denominações evangélicas, Bolsonaro fez o governo de maior interferência religiosa no século. Pastores foram indicados para comandar os ministérios da Educação e Direitos Humanos e, pela primeira vez, um advogado evangélico foi indicado para o Supremo Tribunal Federal. Ao longo da campanha, Bolsonaro reforçou seus laços com as igrejas evangélicas, disseminando a mentira de que Lula fecharia os templos caso eleito.

Como na física, na política a toda ação corresponde uma reação de igual intensidade. A cooptação das lideranças evangélicas teve como resultado uma reaproximação da CNBB com Lula e o PT, depois de anos de conflitos. Em 2006, a CNBB apoiou Geraldo Alckmin para presidente e, em 2010, às vésperas da eleição o papa Bento 16 deu declarações contra Dilma Rousseff. Assustados com o poder acumulado pelas lideranças evangélicas, os bispos se reaproximaram.

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