Separados por grades, lulistas e bolsonaristas se provocavam

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Rafael Moraes Moura/Agência O Globo

Após um debate do primeiro turno marcado por gritaria e confusão nos bastidores, a produção da TV Bandeirantes tomou o cuidado de separar por um cercadinho os convidados de cada candidato.

Bolsonaristas e lulistas ficaram separados por uma grade durante o confronto da noite deste domingo, mas não deixaram de se provocar em alguns momentos.

Cinco seguranças acompanharam com atenção a movimentação do público, que do lado petista reuniu os deputados federais eleitos Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (PSOL), o mais votado do estado de São Paulo, junto com o advogado Marco Aurélio de Carvalho, do grupo Prerrogativas.

No lado bolsonarista, mais esvaziado, estavam o deputado estadual eleito Tomé Abduch (Republicanos) e o advogado Frederick Wassef, que defende a família Bolsonaro em casos na Justiça.

Com o desfalque na área destinada a convidados do presidente, as cadeiras reservadas ao PL foram rapidamente ocupadas por repórteres que faziam a cobertura do evento.

Ao longo do programa, Wassef circulou pelo local “alertando” a imprensa sobre os riscos da volta do comunismo no país. “As primeiras vítimas do comunismo serão vocês aqui”, sentenciou, falando para os repórteres.

Wassef também atacou a gestão de Fernando Haddad (PT) na prefeitura de São Paulo e, repetindo o script de Jair Bolsonaro, lançou acusações de fraude contra o sistema eleitoral, sem apresentar provas.

Com apenas 3,6 mil votos, o advogado da família Bolsonaro não conseguiu se eleger deputado federal por São Paulo.

Ao longo do programa, o lado lulista comemorou algumas respostas do ex-presidente, que circulou com mais desenvoltura pelo palco e diante das câmeras, como temiam os bolsonaristas.

Houve aplausos quando Bolsonaro provocou Lula sobre a conclusão das obras do Rio São Francisco e o petista devolveu: “Você acha que alguém acredita que a obra é tua?”

Em resposta, os bolsonaristas também vibraram quando Bolsonaro afirmou que foi ele, e não o petista, quem concluiu a transposição do rio.

“Essa obra não foi concluída no governo do PT, ela estava totalmente sucateada. É tão triste ver uma pessoa que assaltou o Brasil mentindo e mentindo”, comentou Abduch à equipe da coluna.

“Hoje o clima do debate está mais civilizado, que bom. A petezada está mais calma”, completou.

O momento de maior reação do lado bolsonarista veio no terceiro bloco, quando o atual ocupante do Palácio do Planalto falou que Lula “deveria ficar em casa e não voltar para a cena do crime”, em referência aos escândalos de corrupção que abalaram as gestões petistas.

Com o petista claudicando nas respostas, os bolsonaristas aproveitaram para provocar a torcida adversária. “Isso aí! Mito!”, gritaram.

Os lulistas, por sua vez, foram às gargalhadas quando Bolsonaro se dirigiu à jornalista Vera Megalhães, a quem insultou no debate do primeiro turno, dizendo “Prezada jornalista Vera, satisfação em revê-la”.

Um dos mais animados na “arquibancada” petista, Boulos lamentou o cercadinho.

“É lamentável ter chegado a esse ponto de ter de separar com grades os representantes das diferentes campanhas. Isso é resultado da política e do clima de ódio que o Bolsonaro tenta imprimir na campanha eleitoral”, comentou.

Ringue eleitoral: Corregedor do TSE abre ação para investigar Lula e Alckmin por uso indevido dos meios de comunicação
Sobre a superioridade numérica dos lulistas no cercadinho, Boulos não deixou de cutucar o outro lado: “Do lado de cá tem 6,1 milhões de votos a mais.”

O Globo