Só 5% dos candidatos militares se elegeram

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Foto: O Globo

Delegado, sargento, general, coronel, inspetor e até vigilante ou PQD, sigla usada para se referir aos paraquedistas do Exército. Com a violência preocupando grande parte dos eleitores do Rio, não faltou quem, ao se candidatar no estado, tenha escolhido levar para as urnas uma alcunha diretamente associada à segurança ou ao militarismo. Ao todo, entre aspirantes a deputados estaduais e federais, 87 postulantes adotaram estratégias do gênero, mas apenas quatro — o equivalente a 4,7%, ou um candidato a cada 21 — alcançaram sucesso na empreitada.

O termo mais presente nos nomes de urna, dentro desse recorte, foi “coronel”, usado por 11 candidatos a deputado estadual e 12 a deputado federal. Contudo, a patente mais alta da Polícia Militar — e segunda mais alta no Exército — não deu sorte: nenhum deles se elegeu.

Entre todos os “coronéis”, a votação mais expressiva foi do deputado estadual Coronel Salema, do PL, que emplacou a maior bancada na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Os 19.938 votos recebidos pelo militar, porém, não foram o bastante para que ele mantivesse sua cadeira na Casa. Outro que não conseguiu cacifar-se a deputado estadual foi o Coronel Wolney Dias (Progressistas), ex-comandante-geral da PM fluminense.

Na sequência, vêm os delegados e delegadas, expressão que consta em 13 nomes de urna — sete de deputados federais, seis deputados federais. O posto associado à Polícia Civil e à Polícia Federal foi o único a emplacar um candidato em cada uma das disputas, divididos entre as duas corporações.

Para a Alerj, reelegeu-se, com 61.767 votos, a Delegada Martha Rocha (PDT), que cumprirá o terceiro mandato consecutivo. Ex-chefe da Polícia Civil do Rio, ela viu outros três delegados que ocuparam o mesmo cargo, todos aspirantes a deputado federal, falharem na tentativa de migrar para a política: Allan Turnowski e Fernando Veloso, ambos do PL, e Marcus Vinicius Braga (PROS).

Turnowski, responsável pela Civil na maior parte do governo de Cláudio Castro (PL), que não se elegeu, chegou a ser preso durante a campanha, acusado de ligação com o jogo do bicho. Após passar quase um mês atrás das grades, ele obteve liberdade dias antes da eleição, mas não conseguiu se recuperar do baque.

Já o Delegado Ramagem, alcunha escolhida por Alexandre Ramagem, também do PL, conseguiu uma vaga na Câmara graças aos 59.170 votos recebidos. Delegado da PF, responsável pela segurança do então candidato Jair Bolsonaro em 2018 e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sob a gestão do presidente, ele ganhou durante a campanha o apoio explícito do vereador Carlos Bolsonaro, filho do chefe do Executivo.

Outro nome próximo a Bolsonaro que cumpriu a missão eleitoral foi o General Pazuello (PL), nome de urna de Eduardo Pazuello, um dos muitos ministros da Saúde a comandar a pasta ao longo da pandemia da Covid-19. E cumpriu com honra e louvor: escolhido por 205.324 eleitores fluminenses, ele foi o segundo deputado federal mais votado do Rio.

Por fim, o quarto vitorioso da lista, com patente bem mais baixa que a de Pazuello, foi Sargento Portugal (Podemos). Opção de 33.368 cidadãos, ele foi o candidato eleito com menor votação entre todos os 46 deputados federais do estado que estarão na Câmara na próxima legislação. Policial militar há 22 anos e fundador de um grupo que reúne agentes da segurança de diversos órgãos, como PM, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros, José Portugal Neto apresenta-se como “cristão, conservador, patriota, pró-vida e pró-família”.

O Globo