Bolsonaro não comprou vacina da covid, diz Transição

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Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

A equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na área de saúde vai cobrar do governo Jair Bolsonaro a compra de vacinas bivalentes contra a covid-19. A ideia é acelerar o processo de aquisição do imunizante, ainda não aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para que, logo na arrancada do novo governo, seja implementada uma ampla campanha de vacinação de doses de reforço.

A vacina bivalente é considerada um imunizante de segunda geração contra a doença. Ela contém uma mistura de cepas do coronavírus e garante uma maior proteção contra a variante Ômicron, responsável por uma grande onda de mortes e infecções no país.

Procurador pelo Valor, o Ministério da Saúde informou que “o atual contrato com os fornecedores contempla a entrega de vacinas com cepas atualizadas, desde que aprovadas pela Anvisa.” Até o momento, a Anvisa não aprovou o uso do imunizante.

Em meio ao grande aumento no número de casos no país, a Anvisa marcou para hoje uma reunião extraordinária de sua diretoria. Nela, serão deliberados dois pedidos de autorização temporária para uso emergencial da vacina bivalente da Pfizer. A fabricante requer o uso como dose de reforço para a população acima de 12 anos.

A média móvel de casos de covid subiu 240% nos últimos 14 dias a 14.971 por dia, segundo o consórcio de veículos de imprensa. A média de mortes, 45 diárias, é 18% maior do que há duas semanas.

Nesta terça-feira, o grupo temático em saúde da transição vai promover um grande encontro com especialistas na área de vacinação para desenhar um plano emergencial. Um dos pontos abordados vai ser a imunização infantil.

A equipe também quer informações sobre o uso da vacina Pfizer para crianças com idade até três anos. “O uso já foi aprovado nesta faixa etária, mas o governo atual só está dando para crianças com comorbidade, quando poderia fazer uma coisa mais ampla”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE), da equipe de transição.

Também nesta terça-feira os principais integrantes do grupo técnico se reúnem com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para coletar dados sobre a pasta. Costa, um dos coordenadores do grupo, avaliou que é urgente viabilizar as doses de reforço e disse que cobrará o ministro.

“Vamos pedir urgentemente que o atual governo compre essa vacina bivalente, que já começou a ser avaliada pela Anvisa”, diz. “Se você não tiver vacina para todo mundo logo de imediato, pelo menos que se garanta para aquelas camadas mais vulnerabilizadas”, ponderou Costa.

Segundo o senador, a responsabilidade de agilizar o processo de aquisição é do governo atual: “Nós vamos cobrar. Também não queremos assumir o papel do governo. A responsabilidade é deles”, afirmou.

Ele destacou a baixa cobertura da dose de reforço no Brasil. “O problema é que tem muita gente que não se vacinou até agora. Em termos de reforço, só 50% tomaram a terceira dose. Se levar em consideração a quarta dose, é um percentual ainda menor”, avaliou.

Nesta segunda-feira, a equipe participa de encontro com o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas para coletar dados que ajudarão o futuro governo a formular políticas para o setor.

Outro ponto tratado como prioridade pelo novo governo é a questão do desabastecimento de medicamentos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os integrantes do grupo técnico estão fechando um diagnóstico da falta de remédios para colocar em prática um plano emergencial logo no início do novo governo.

Integrante do grupo técnico de transição da previdência, o ex-ministro José Pimentel (PT-CE) afirmou ontem que uma das sugestões que será apresentada por sua equipe será a retirada da Dataprev da lista de privatizações.

Já o grupo de Desenvolvimento Regional fará uma avaliação detalhada de todos os contratos do setor estabelecidos pela União para 2023, disse o deputado distrital Leandro Grass (PV).

Valor Econômico