Câmara deve continuar na mão de Lira
Foto: Paulo Sergio/Câmara dos Deputados
Em meio à expectativa de que até o PT apoie sua recondução ao comando da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) participa da reunião da bancada ruralista para a recepção dos novos eleitos, onde terá papel de destaque e discursará. A frente parlamentar da agropecuária é uma das mais influentes na Casa.
Lira é considerado favorito na disputa e sua prioridade é fidelizar a maioria dos partidos de centro. Isso inviabilizaria, em tese, uma candidatura competitiva do partido do presidente eleito da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Apenas nas últimas duas semanas, o presidente da Câmara participou de jantares do PSD, Avante e Cidadania, organizou um encontro com os recém eleitos do PP e os atuais. Além disso, encontrou deputados do União Brasil e conversou com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Também falou com o ex-presidente Michel Temer, influente no MDB.
Enquanto alguns partidos de centro ainda sinalizam apoio à reeleição de Lira no comando da Câmara apenas nos bastidores, o União, com quem o PP de Lira pretende formar um bloco partidário na próxima legislatura, fará um ato para formalizar a aliança com o alagoano ainda nesta semana.
Segundo apurou o Valor, contudo, dois fatores têm enfraquecido as articulações que buscavam construir uma candidatura ou de algum partido da esquerda. Um deles foi a postura de Lira logo após a vitória de Lula sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas urnas. Ele foi um dos primeiros a ligar para o presidente eleito. O outro fator é a sua disposição em colaborar para a aprovação de medidas importante para o futuro governo, como a proposta de emenda constitucional (PEC) da Transição.
A sinalização de Lula de que não pretende interferir na corrida pela presidência da Câmara foi vista como um aceno ao deputado do PP e também como um diagnóstico do petista de que não há um nome forte o suficiente para fazer frente ao alagoano.
Legendas que deram suporte para a candidatura de Lira contra Baleia Rossi (MDB) em 2021 já demonstravam simpatia à sua recondução antes mesmo do resultado do segundo turno. Siglas mais alinhadas com Lula, como o PSD e o próprio MDB, já indicaram que não têm um nome com disposição de enfrnetar Lira. A tendência é que também embarquem no grupo que sustenta a postulação do atual presidente da Casa.
Nem mesmo a recente afirmação de Valdemar Costa Neto de que o PL só apoiará sua recondução caso Lira se alinhe a uma candidatura do PL pelo comando do Senado o assusta. A sigla de Valdemar conta com quase uma centena de deputados federais.
Em caráter reservado, deputados do PL avaliam que “a ameaça não se concretizará”, especialmente porque o parlamentar do PP se antecipou e já tem adiantada a formação de uma frente ampla pela sua recondução, o que, hoje, o torna “praticamente imbatível”. O PP tende a apoiar a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na presidência do Senado.