Caminhoneiros ainda resistem em liberar estradas

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Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo

Manifestantes que não aceitam o resultado das eleições presidenciais obstruem o tráfego em 167 rodovias federais no começo da manhã desta quarta-feira. As informações foram divulgadas no último balanço da Polícia Rodoviária Federal (PRF), divulgado às 6h27. Na véspera, a corporação chegou a monitorar 271 bloqueios. Os protestos são realizados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) insatisfeitos com a vitória nas urnas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em nota publicada nas redes sociais, a PRF informa que desfez 563 manifestações em rodovias espalhadas pelo Brasil desde segunda-feira. Na noite desta terça-feira, o balanço da corporação informava a existência de 190 rodovias federais bloqueadas.

 

O ministro da Justiça Anderson Torres comentou na manhã desta quarta-feira sobre as interdições em rodovias federais. Por meio do Twitter, ele citou o presidente Bolsonaro e não pediu o fim dos protestos. Assim como o mandatário, Torres limitou-se a solicitar “que as manifestações não impeçam o direito de ir e vir de todos”.

 

Os bloqueios em estradas e rodovias começaram ainda na noite de domingo, quando bolsonaristas ocuparam trechos da BR-163 no Mato Grosso.

Leia a íntegra: primeiro pronunciamento de Bolsonaro após derrota durou dois minutos
De acordo com a corporação, houve pontos de bloqueio ou aglomeração no Acre, Alagoas, Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e São Paulo.

Conforme informações divulgadas também nesta manhã pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, já foram dissolvidos 147 pontos de bloqueio em avenidas da capital e em rodovias estaduais e federais no território paulista até esta quarta-feira. A pasta informa também que, na capital, o único ponto de concentração de manifestantes acontece no Paraíso, Zona Sul da cidade. Na rodovia Hélio Smidt, que dá acesso ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, o trânsito foi liberado parcialmente.

Na tarde desta terça-feira, enquanto as paralisações ocorriam ao redor do país, o presidente Jair Bolsonaro fez seu primeiro pronunciamento após a derrota de domingo. Ele agradeceu aos 58 milhões de votos e afirmou que a reação dos seus apoiadores é “fruto da indignação e sentimento de injustiça de como se deu as últimas eleições”. No entanto, em seguida, o presidente criticou o uso de “métodos da esquerda”.

Líderes da greve dos caminhoneiros de 2018 e entidades da classe chegaram a condenar, nesta segunda-feira, os bloqueios nas estradas. Segundo eles, as paralisações desta semana seriam de responsabilidade de grupos isolados e que poderiam prejudicar a economia. Eles afirmaram ainda reconhecer a vitória de Lula no segundo turno das eleições, neste último domingo.

Os bloqueios em rodovias federais acenderam um alerta entre o setor empresarial brasileiro, que durante a tarde desta terça-feira passou a manifestar o temor de escassez de suprimentos, como combustível e querosene de aviação — nesta segunda-feira, 500 passageiros não conseguiram chegar no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, e voos foram cancelados. No Rio de Janeiro, viagens que partiam da rodoviária foram canceladas por dificuldade de deslocamento. A mesma dificuldade de abastecimento foi manifestada por associações supermercadistas.

O Globo