Ciro Nogueira tenta manter Bolsa Família sob o teto
Foto: Marcello Casal Júnior/Agência Brasil
Lula defendeu ontem em reunião a sós com Rodrigo Pacheco no Egito que o Bolsa Família fique fora do teto de gastos pelos próximos quatro anos. Já é um recuo em relação à ideia inicial de incluir na PEC da Transição a retirada do Bolsa Família para sempre. Beleza. Negociação é isso.
Mas ainda terá que combinar com os russos.
Ciro Nogueira, um dos chefes do PP e do Centrão, não aceita que a o Bolsa Família fure o teto além do ano de 2023 — para depois disso, o novo Congresso é que deveria decidir, na opinião dele. A verdadeira negociação que Lula e seus aliados terão que fazer, portanto, será com o Centrão.
Ciro Nogueira um objetivo óbvio: quer que em 2023, o governo Lula se sente novamente com o Centrão para negociar um extrateto pro Bolsa Familia para os anos seguintes. Quer amarrar o governo que chega em mais uma negociação que nunca é simples.
Há ainda um outro pano de fundo desta negociação, que é a eleição para a presidência do Senado e da Câmara, que acontecerá no dia 2 de fevereiro, quando os novos deputados e senadores tomarem posse. Os atuais presidentes do Senado e da Câmara, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, não candidatos à reeleição.
Pacheco, que é do PSD, já está claramente mais alinhado ao Lula. E aposta neste alinhamento para se reeleger. Já Lira, que é do PP, o partido do Ciro Nogueira, quer mais garantias para reeleição dele.
O PT já andou dizendo que não lançará candidato à presidência da Câmara. Mas isso não quer dizer necessariamente o que o Lira quer ouvir. Por que não basta não lançar candidato. É preciso que o Lula não apoie outro pretendente.