Dono do partido de Bolsonaro anseia por “lular”

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Foto: Reprodução

Valdemar Costa Neto, dono do PL, o partido ao qual Jair Bolsonaro se filiou para disputar a reeleição, tem uma batata quente nas mãos.

Mais do que satisfeito com o desempenho do partido nas eleições deste ano, das quais saiu com as maiores bancada na Câmara e no Senado, ele está sendo pressionado por bolsonaristas a declarar publicamente que a legenda fará oposição a Lula a partir de 2023. Ocorre que há uma outra ala, majoritária na sigla, que deseja uma postura diferente.

A previsão é de que o assunto seja tratado nesta semana em uma entrevista coletiva.

Personagem histórico do Centrão, Valdemar já teria embarcado na base do futuro governo não fosse a presença do próprio Bolsonaro e dos bolsonaristas-raiz que, com ele, ingressaram no PL.

O dono da legenda, que integrou a base dos governos anteriores do PT e chegou a ser condenado no mensalão, mantém boa relação com a cúpula do petista e com o próprio Lula. Interlocutores próximos dizem que ele, pessoalmente, não teria dificuldades para se aliar de novo.

Se de um lado os bolsonaristas eleitos pressionam para que o partido faça oposição, de outro políticos mais afeitos ao perfil histórico da sigla do Centrão operam para que, ao menos neste momento, Valdemar anuncie uma atuação “responsável” no Congresso – um primeiro passo para que, mais adiante, possa ser costurada uma aliança.

Lideranças do partido calculam que, dos 99 deputados eleitos pelo PL em outubro, cerca de 60 apoiaram Bolsonaro, mas não são bolsonaristas ferrenhos e compartilham da ideia de permanecer ao centro, mantendo diálogo com o futuro governo. Os aliados barulhentos do ainda presidente da República, seriam, portanto, minoria.

O entendimento predominante é o de que a legenda deve se posicionar caso a caso nas votações do Congresso. “Grande parte da bancada tem diálogo político, não é formada por radicais”, disse uma fonte graduada do PL, para quem ainda não é possível ao partido tornar-se aliado de Lula em razão da presença de Bolsonaro em suas fileiras.

O desafio de Valdemar agora é trabalhar para que não haja um racha interno. Ele vem agindo para não desagradar à ala bolsonarista, mas sem deixar de considerar o desejo dos demais. Dos soldados do presidente da República que se reelegeram pelo PL, um dos mais irritados com a situação é Carlos Jordy, do Rio de Janeiro.

O parlamentar, que se autointitula “pitbull do Bolsonaro”, rechaça a possibilidade de o partido fazer “oposição propositiva”. Ele defende que a bancada faça uma “oposição implacável contra a esquerda que nunca foi vista antes na história” — algo que, definitivamente, não condiz com a história do PL e de Valdemar.

Metrópoles