Há risco de Bolsonaro e gado ficarem impunes

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Eduardo Knapp – 01.nov.2022/Folhapress

Nos dias seguintes ao locaute dos caminhoneiros que quebrou a perna do governo de Michel Temer em 2018, hierarcas de Brasília cuspiam fogo. Anunciaram a abertura de 35 inquéritos em 25 estados. (O PIB daquele ano sofreu uma contração estimada em 1,2% por causa do movimento).

Os inquéritos foram fechados sem qualquer responsabilização criminal. (Bolsonaro assumiu em 2019 dizendo que “vamos botar um ponto final em todos os ativismos do Brasil”.)

Resta saber para quem irá a conta da baderna golpista dos últimos dias.

Enquanto não houver conta haverá badernas.

Na noite de domingo passado, diversos hierarcas asseguravam ao ministro Alexandre de Moraes que, no Alvorada, Jair Bolsonaro não estava atendendo ninguém.

Ele fez a elementar e ligou para seu telefone. Bolsonaro atendeu.

No ano passado, Jair Bolsonaro chamou Tarcísio de Freitas, seu ministro da Infraestrutura, e disse-lhe que deveria disputar o Governo de São Paulo.

Carioca, sem nunca ter disputado uma eleição, o ministro resolveu sentir o terreno e pediu a um amigo que organizasse conversas em São Paulo. Foram ouvidas umas 10 pessoas, 9 achando que a sugestão ia da inutilidade à maluquice.

Só um achou a ideia boa para São Paulo e para o país. Era o professor Antonio Delfim Netto, com mais de meio século de sabedoria política.

Se o senador Sergio Moro tiver tempo, seria bom que examinasse com lupa as contas que apresentou à Justiça Eleitoral.

Do jeito que estão, é provável que ele venha a ter problemas.

Nas rápidas felicitações de Joe Biden e Emmanuel Macron a Lula pôde-se perceber a ação de diplomatas e assessores, tanto da Casa Branca, como da presidência francesa.

Na costura dessa rede estão as digitais do ex-chanceler Celso Amorim.

Até onde se pode prever decisões de juízes, o orçamento secreto será derrubado pelo Supremo Tribunal Federal antes do recesso de fim de ano.

A decisão permitirá ao presidente eleito Lula negociar mecanismos republicanos para que os parlamentares tenham seus pleitos atendidos.

****************************************************************************************************************

Nos limites da lei e da independência dos magistrados, Jair Bolsonaro receberá sinais de que não haverá revanche em cima dele.

Isso não vale para as blindagens centenárias que foram postas a atos do governo.

Elas serão analisadas por servidores qualificados que decidirão o que deve ser liberado.

Pelas leis americanas, quem impõe o sigilo assina seu nome e quem o suspende faz o mesmo.

Exemplo disso é um depoimento de duas horas do diretor da CIA Richard Helms ao Senado sobre a situação brasileira. Em 1971 era a seguinte sua íntegra:

“Bom dia, Mr. Helms.
Bom dia, senador Church.
(Censurado)
Boa Tarde, Mr. Helms.
Boa tarde, senador Church.”

Em 1987, mais da metade do depoimento foi liberada, com as assinaturas de quem a liberou, mantendo trechos embargados.

É possível que Jair Bolsonaro volte às urnas já em 2024, disputando a Prefeitura do Rio.

Tem votos na cidade e precedente histórico. Jânio Quadros disputou, e ganhou, a Prefeitura de São Paulo em 1985.

Entre as promessas bem-vindas de Lula está a de recuperar o investimento em obras de infraestrutura.

A ideia é ótima, mas como o governo ainda não começou, ele deveria convocar quem entende do assunto para evitar um novo desastre.

A geração de Lula tornou-se campeã mundial de ruínas navais. Pagou três programas para construir polos navais.

No de Juscelino Kubitschek acabaram falindo os estaleiros.

No de Ernesto Geisel, enriqueceram aqueles que tinham papéis podres da dívida da Superintendência da Marinha Mercante, a Sunamam.

No de Lula, ele conhece a história.

Lula está eleito e tomará posse no dia 1º de janeiro.

Até lá, tudo serão festas, adesões e louvores. Continuará, no entanto, em vigor a Lei de Delfim Netto:

“No dia seguinte, terá que abrir a quitanda às nove da manhã com berinjelas para vender a preço razoável e troco na caixa para atender a freguesia.

Pelos próximos quatro anos a rotina essencial será a mesma: abrir a quitanda, com berinjelas e troco.

Todos os desastres da economia brasileira deram-se quando deixou-se de prestar atenção na economia da loja.”

Folha  

Folha