Lula da COP-27 é o mesmo da Faria Lima
Eduardo Guimarães
A dita “Faria Lima” — ou seja, o conjunto de banqueiros, grandes empresários e grandes órgãos de imprensa — teve uma crise de “delirium tremens” após Lula dizer que a fome que assola ao menos metade da população brasileira precisa ser aplacada com urgência.
O que impressiona é que todos esses agentes supracitados parecem falar a sério ao exigirem que o presidente eleito descumpra sua promessa de campanha de manter o (agora) Bolsa Família em R$ 600, favorecendo a sabotagem de Bolsonaro ao inscrever apenas R$ 400 no Orçamento de 2023.
Descumprindo sua promessa de campanha, Lula começaria o seu governo com forte queda de aprovação, o que daria combustível ao golpismo latente que infecta esses mesmos agentes desde sempre. E quem perderia com isso seriam, apenas, TODOS — inclusive os golpistas.
Se o Brasil tiver uma grave crise política já no comecinho de 2023, o resultado seria imprevisível. Outro golpe parlamentar afundaria a economia de vez. Além disso, uma queda abrupta e profunda da popularidade do novo presidente poderia desembocar até em um golpe militar.
O que neófitos na política do “bananistão” viram e ouviram na grande imprensa BRASILEIRA e no famigerado “mercado”sobre Lula, a um mês e meio de ele vestir a faixa presidencial, deve tê-los deixado perplexos.
Afinal, enquanto Lula brilhava diante de mais de 190 países e da esmagadora maioria da grande imprensa INTERNACIONAL, no Brasil estava sendo tratado como um mero irresponsável. Tudo isso com base em uma mísera frase.
Na cobertura externa, Lula vira ‘herói’, ‘rockstar’, ‘exuberante’. Foi assim na Bloomberg, no NYT (o maior jornal do mundo, com 10 milhões de assinantes), na Reuters e em praticamente todos os outros grandes meios de comunicação internacionais.
O discurso de estadista que agradou a 99% do planeta não serviu de anteparo a um surto aparentemente histérico na Faria Lima e nas redações nacionais, mas, na verdade, esse comportamento é produto de estratégia daqueles que Lula salvou de Bolsonaro.
Que banqueiros e empresários queiram desestabilizar Lula, nada demais. Era mais do que esperado. A Faria Lima não está preocupada com responsabilidade fiscal coisa nenhuma, o que quer mesmo é desgastar e fragilizar um presidente que chega ao cargo com ENORME força devido ao apoio de praticamente todo o mundo desenvolvido.
O que esses agentes ganharão com isso? No máximo, uma “mamadeira de piroca”.
Mas o que denuncia mesmo a falsidade dessa histeria teatral é o fato de que Bolsonaro penalizou muito mais o “teto de gastos” e foi apoiado eleitoralmente e financeiramente pelo mesmo “mercado”.
A PEC da Transição é, apenas, uma tábua de salvação contra uma grave crise política já no limiar do novo governo, o que se somará às bombas-relógio que Bolsonaro plantou no Orçamento e que têm potencial para jogar o país em um cenário, no mínimo, imprevisível.
Todavia, o Lula da Faria Lima é o mesmo da COP-27. E os que elogiam o presidente eleito com vozes tonitruantes são infinitamente mais confiáveis do que os mercenários do mercado financeiro e de empresas que tentam trazer de volta a escravidão ao Brasil.
Redação